DA REPORTAGEM LOCAL

Após quase uma década de tentativas de gravidez, que incluíram uma cirurgia e quatro fertilizações in vitro, sendo uma com óvulos doados, a dentista Simone Polessi Silvério, 36, resolveu desistir dos tratamentos. Era janeiro de 2006.
"Estava triste, desesperada, minha vida estava sombria. Não agüentava mais gastar tanto. Me sentia em um cassino, perdendo tudo, mas apostando que com mais uma moedinha eu ficaria rica", lembra.
Simone afirma que, na época, a clínica chegou a oferecer uma última fertilização de graça, mas nem isso a convenceu. "Não agüentava mais os hormônios, a espera pelo Beta HCG [teste de gravidez]."
Ao mesmo tempo, ela diz não ter abandonado a fé. "Toda noite eu falava: "Deus, eu sou perfeita, eu tomei hormônio, eu fiz cirurgia, meu corpo está aqui. Se quiser me mandar um bebê, estou pronta"."
Em junho, Simone fez uma viagem para a Foz do Iguaçu e, na travessia da ponte, sentiu-se mal, com tonturas. A menstruação estava atrasada havia mais de um mês, mas como ela tinha um ciclo irregular, nem cogitava uma gestação. Ainda assim, decidiu comprar um teste na farmácia, que confirmou a gravidez.
Ao chegar a São Paulo, o ultra-som mostrou uma gestação de quase dez semanas. "O bebê estava formadinho, o coração a milhão."
Mas o que era para ser uma alegria, virou um estresse. "Morria de medo de acontecer alguma coisa, fiz ao todo 27 ultra-sons [durante a gestação]."
O nascimento de Bruno, hoje com um ano e três meses, mudou a vida de Simone. Ela decidiu desmontar seu consultório dentário, doar os equipamentos para uma creche e ser mãe 24 horas por dia. "Não tem coisa melhor no mundo do que ouvir seu filho te chamando de "mamãe"." (CC)


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