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URBANISMO
Capitais buscam parcerias com iniciativa privada e com o governo para recuperar áreas centrais degradadas
Revitalização em sete cidades custa R$ 3,7 bi
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA
Abandonados, caóticos e violentos. A imagem negativa dos
grandes centros urbanos -reflexo da falta de investimentos- começa a despertar a atenção da sociedade e dos governantes. Sete
capitais brasileiras estimam que a
revitalização das áreas centrais
exija a aplicação de cerca de R$
3,78 bilhões nos próximos anos.
O valor é quase seis vezes maior
do que o montante que dez capitais declaram ter gasto em projetos de restauração nas regiões
centrais na última década, segundo levantamento da Agência Folha feito em secretarias e fundações culturais das cidades.
As obras atendem a uma tendência mundial, são consideradas
necessárias e até econômicas porque, na maioria dos casos, fica
mais barato restaurar do que
construir algo novo. Poucas prefeituras têm dinheiro para fazer os
projetos e buscam parcerias com
a iniciativa privada.
O Rio de Janeiro, por exemplo,
tem a maior estimativa de gastos:
R$ 3 bilhões em oito anos. Nos
próximos quatro anos, a prefeitura prevê investir R$ 100 milhões.
O restante terá que vir dos governos estadual e federal, de empréstimos bancários e de empresários.
Salvador tem planos de investir
R$ 500 milhões na restauração de
3.000 casarões no centro histórico, mas também depende de verba federal e dos empresários. Em
oito anos, gastou R$ 100 milhões e
concluiu a recuperação de mais
de 500 casarões no Pelourinho.
A reportagem levantou os projetos de revitalização ou requalificação -termo preferido pelos
urbanistas- dos centros em dez
capitais (veja quadro).
A revitalização dos centros tem
como objetivos básicos recuperar
os monumentos históricos e o
charme dos bairros que deram
origem às cidades que hoje, em
sua maioria, concentram enorme
fluxo durante o dia e se tornam
"área de ninguém" à noite.
A idéia é atrair de volta moradores para a área central e manter
ruas limpas, iluminadas e policiadas durante 24 horas, integrando
áreas comerciais e residenciais e
garantindo equipamentos culturais e transporte eficiente.
Nas últimas eleições, a recuperação das áreas urbanas centrais
esteve na plataforma de vários
candidatos ao Executivo, mas
pouco foi feito. Especialistas em
urbanismo admitem que a questão tem um apelo de marketing
eleitoral, mas dizem que a revitalização dos centros, antes de ser um
modismo, é uma necessidade.
"As áreas centrais são justamente as mais organizadas e de
melhor infra-estrutura de uma cidade", diz Regina Meyer, arquiteta, urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
"Os centros estão sucateados,
mas têm a estrutura pronta, tornando mais econômico restaurar
o que já existe do que construir algo novo", afirma o arquiteto César Barros, de Recife.
Os modelos adotados para a revitalização de áreas centrais variam de acordo com as cidades.
Em São Paulo, por exemplo, as
iniciativas partiram, em sua
maioria, do poder público.
No Rio de Janeiro, o caminho
foi inverso. Segundo o secretário
de Urbanismo, Alfredo Sirkis, o
poder público falou muito nos últimos 20 anos sobre a necessidade
de redescobrir o centro, principalmente a área portuária, mas
pouco fez. Os investimentos mais
significativos vieram da iniciativa
privada.
Colaboraram LUIS INDRIÚNAS, FERNANDA KRAKOVICS, LUÍS FRANCISCO, KÁTIA
BRASIL, LÉO GERCHMANN, RONALDO
SOARES, EDUARDO SCOLESE, FÁBIO GUIBU E ANDREA DE LIMA, da Agência Folha
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