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Empreendedor social precisa ter idéias inovadoras
Prazo para a inscrição em prêmio termina na próxima quinta-feira; vencedor irá ao Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça)
DA REPORTAGEM LOCAL
O que faz de alguém um empreendedor social? Essa é a
principal dúvida quando o assunto é o prêmio Empreendedor Social 2006, uma parceria
da Folha com a Fundação
Schwab, que recebe inscrições
até a próxima quinta, dia 15.
Para o concurso, empreendedor social é um indivíduo
com idéias inovadoras capazes
de modificar a vida de outras
pessoas, trazendo benefícios
sociais à comunidade. Pode ser
a presidente de uma empresa,
como Martha Wille, vencedora
do prêmio na Bolívia em 2005.
Ela é dona de uma fábrica de
massas feitas com um cereal
andino. O que ela fez de diferente? Só contratou mulheres e
homens surdos desde que assumiu a empresa da família. "É
enorme o preconceito no mercado de trabalho. E empregar
uma mulher é, em média, 13%
mais caro que um homem [por
causa de direitos trabalhistas]."
A empresa tem clientes internacionais que reconhecem o
esforço e aceitam pagar um
pouco mais pela massa porque
conhecem o trabalho de Wille.
Sim, um empreendedor social pode estar no setor privado
e gerenciar um negócio que
persiga o lucro. Mas este não
pode estar em primeiro plano.
"Não são as pessoas que devem trabalhar para as empresas, é a empresa que deve trabalhar para as pessoas", resume Cristóbal Colón, vencedor
na Espanha em 2005.
Psicólogo, ele criou uma fábrica de iogurtes para empregar pessoas com esquizofrenia,
hoje a terceira marca mais importante da Catalunha. O lucro
é conseqüência do trabalho.
Mas um líder de uma ONG
também pode ser empreendedor social -desde que o trabalho não seja só assistencialista.
O médico Eugenio Scannavino Netto, que venceu o prêmio
no Brasil no ano passado, lidera
o projeto Saúde e Alegria na
Amazônia paraense, que trabalha com comunidades ribeirinhas. Atendimentos médico e
odontológico gratuitos e distribuição de cloro para purificar a
água fazem parte de suas ações.
A diferença é que ele criou
uma maneira inovadora de dar:
só têm direito aos benefícios as
comunidades que se organizam, montam rádio e jornal comunitários, participam de atividades circenses. "Saúde só
com alegria", explica.
Por essa característica, a
ação se torna auto-sustentável:
multiplica-se sozinha, envolve
mais e mais gente, até que passa a caminhar sem o criador.
Mesmo sem empresa ou organização, também é possível
ser empreendedor social. Apaixonado pelo dominó, Javier
González Quintero, professor
colombiano radicado nos EUA,
criou um jogo que alfabetiza
com 90 a 120 horas de brincadeira (até duas horas por dia).
Há versões em inglês, espanhol e português, e o jogo é utilizado em vários países. "Conseguimos em períodos de quatro a seis meses resultados que
exigem um a dois anos com
métodos tradicionais", conta.
30 países
Neste ano, a Schwab promove o prêmio em 30 países. O
vencedor brasileiro participará, com todas as despesas pagas, do Fórum Econômico
Mundial de Davos, na Suíça; da
Cúpula Mundial de Empreendedores Sociais; e do Fórum
Econômico na América Latina.
A Schwab promove a troca de
conhecimento entre empreendedores e viabiliza contatos
com grandes patrocinadores.
A entidade foi criada em 1998
por Klaus Schwab, mentor do
Fórum Econômico Mundial.
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