São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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Empreendedor social precisa ter idéias inovadoras

Prazo para a inscrição em prêmio termina na próxima quinta-feira; vencedor irá ao Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça)

DA REPORTAGEM LOCAL

O que faz de alguém um empreendedor social? Essa é a principal dúvida quando o assunto é o prêmio Empreendedor Social 2006, uma parceria da Folha com a Fundação Schwab, que recebe inscrições até a próxima quinta, dia 15.
Para o concurso, empreendedor social é um indivíduo com idéias inovadoras capazes de modificar a vida de outras pessoas, trazendo benefícios sociais à comunidade. Pode ser a presidente de uma empresa, como Martha Wille, vencedora do prêmio na Bolívia em 2005.
Ela é dona de uma fábrica de massas feitas com um cereal andino. O que ela fez de diferente? Só contratou mulheres e homens surdos desde que assumiu a empresa da família. "É enorme o preconceito no mercado de trabalho. E empregar uma mulher é, em média, 13% mais caro que um homem [por causa de direitos trabalhistas]."
A empresa tem clientes internacionais que reconhecem o esforço e aceitam pagar um pouco mais pela massa porque conhecem o trabalho de Wille.
Sim, um empreendedor social pode estar no setor privado e gerenciar um negócio que persiga o lucro. Mas este não pode estar em primeiro plano.
"Não são as pessoas que devem trabalhar para as empresas, é a empresa que deve trabalhar para as pessoas", resume Cristóbal Colón, vencedor na Espanha em 2005.
Psicólogo, ele criou uma fábrica de iogurtes para empregar pessoas com esquizofrenia, hoje a terceira marca mais importante da Catalunha. O lucro é conseqüência do trabalho.
Mas um líder de uma ONG também pode ser empreendedor social -desde que o trabalho não seja só assistencialista.
O médico Eugenio Scannavino Netto, que venceu o prêmio no Brasil no ano passado, lidera o projeto Saúde e Alegria na Amazônia paraense, que trabalha com comunidades ribeirinhas. Atendimentos médico e odontológico gratuitos e distribuição de cloro para purificar a água fazem parte de suas ações.
A diferença é que ele criou uma maneira inovadora de dar: só têm direito aos benefícios as comunidades que se organizam, montam rádio e jornal comunitários, participam de atividades circenses. "Saúde só com alegria", explica.
Por essa característica, a ação se torna auto-sustentável: multiplica-se sozinha, envolve mais e mais gente, até que passa a caminhar sem o criador.
Mesmo sem empresa ou organização, também é possível ser empreendedor social. Apaixonado pelo dominó, Javier González Quintero, professor colombiano radicado nos EUA, criou um jogo que alfabetiza com 90 a 120 horas de brincadeira (até duas horas por dia).
Há versões em inglês, espanhol e português, e o jogo é utilizado em vários países. "Conseguimos em períodos de quatro a seis meses resultados que exigem um a dois anos com métodos tradicionais", conta.

30 países
Neste ano, a Schwab promove o prêmio em 30 países. O vencedor brasileiro participará, com todas as despesas pagas, do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça; da Cúpula Mundial de Empreendedores Sociais; e do Fórum Econômico na América Latina.
A Schwab promove a troca de conhecimento entre empreendedores e viabiliza contatos com grandes patrocinadores.
A entidade foi criada em 1998 por Klaus Schwab, mentor do Fórum Econômico Mundial.


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