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DIEGO GIMÉNEZ MORENO (1911-2010)
As histórias de um anarquista
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Nem precisava dar corda.
Diego Giménez Moreno, estimulado ou não, adorava falar sobre as coisas que viu.
Espanhol da cidade de Jumilla, cresceu numa "cueva", uma casa esculpida em
pedra. Era filho de um trabalhador rural, e a família não
tinha lá muitas condições.
Quando criança, seu pai,
que era ateu, tirou-o da escola após a professora castigá-lo com palmatória. Diego não
soubera responder questões
na aula de catecismo.
Aos 17, ficou órfão de pai,
que, com problemas pulmonares, piorou quando fez serviços numa fábrica de tintas.
Nessa época, foi trabalhar
com litografia e se viu envolvido com o sindicato e com o
movimento anarquista.
Durante a Guerra Civil Espanhola, treinou combatentes. Com a vitória do ditador
Franco, foi parar num campo
de refugiados na França.
Já seu irmão acabou indo
para o campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. Ficou cinco anos lá, sobreviveu e contou tudo num
livro, editado por Diego.
Em 1952, veio ao Brasil. Foi
mecânico, teve fábrica de tachinha e prego e, já aposentado, resolveu restaurar e encadernar livros, objetos pelos
quais era apaixonado.
Segundo a filha Rosa, o pai
sempre se manteve anarquista. Era um homem sem preconceitos nem vaidades, não
fumava, não bebia e aderira
ao vegetarianismo, ao nudismo e à medicina natural.
Enviuvou em 1986, casou-se de novo, mas se separou.
Aos 94, descobriu ter Parkinson. Em janeiro, teve falência
de medula. Morreu na quarta
(2), aos 99 anos, de infecção
pulmonar. Teve três filhos,
seis netos e seis bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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