São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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DIEGO GIMÉNEZ MORENO (1911-2010)

As histórias de um anarquista

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nem precisava dar corda. Diego Giménez Moreno, estimulado ou não, adorava falar sobre as coisas que viu.
Espanhol da cidade de Jumilla, cresceu numa "cueva", uma casa esculpida em pedra. Era filho de um trabalhador rural, e a família não tinha lá muitas condições.
Quando criança, seu pai, que era ateu, tirou-o da escola após a professora castigá-lo com palmatória. Diego não soubera responder questões na aula de catecismo.
Aos 17, ficou órfão de pai, que, com problemas pulmonares, piorou quando fez serviços numa fábrica de tintas.
Nessa época, foi trabalhar com litografia e se viu envolvido com o sindicato e com o movimento anarquista.
Durante a Guerra Civil Espanhola, treinou combatentes. Com a vitória do ditador Franco, foi parar num campo de refugiados na França.
Já seu irmão acabou indo para o campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. Ficou cinco anos lá, sobreviveu e contou tudo num livro, editado por Diego.
Em 1952, veio ao Brasil. Foi mecânico, teve fábrica de tachinha e prego e, já aposentado, resolveu restaurar e encadernar livros, objetos pelos quais era apaixonado.
Segundo a filha Rosa, o pai sempre se manteve anarquista. Era um homem sem preconceitos nem vaidades, não fumava, não bebia e aderira ao vegetarianismo, ao nudismo e à medicina natural.
Enviuvou em 1986, casou-se de novo, mas se separou. Aos 94, descobriu ter Parkinson. Em janeiro, teve falência de medula. Morreu na quarta (2), aos 99 anos, de infecção pulmonar. Teve três filhos, seis netos e seis bisnetos.

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