VIVIAN WHITEMAN
EDITORA-INTERINA DE MODA

O estilista Alexandre Herchcovitch disse, antes de seu desfile ontem, no segundo dia da São Paulo Fashion Week, que sua coleção seria bastante intelectual.
Para compor o seu verão 2011, o estilista foi buscar inspiração no movimento do expressionismo abstrato norte-americano. A escolha não foi somente estética, ou seja, não buscou apenas a força das cores, típica dos trabalhos dessa escola.
Trata-se de esforço intelectual que une imagem, inteligência comercial e referências históricas -tanto em termos da história da arte quanto da trajetória do estilista.
O expressionismo abstrato americano tem Jackson Pollock como principal expoente. Alexandre, porém, escolheu Mark Rothko e Barnett Newman, nomes menos conhecidos mas muito importantes para o movimento.

DESDOBRAMENTOS
Rothko e Newman, como Herchcovitch, têm origem judaica. E ambos, também como o estilista, fizeram de Nova York uma plataforma para a divulgação de seus trabalhos para o mundo -o designer paulistano desfila suas coleções na SPFW e na semana de moda de Nova York.
A coleção explora elementos do expressionismo abstrato em seus vários desdobramentos. O início do desfile traz looks monocromáticos, com faixas que se destacam de bases lisas, recortadas em linhas geométricas.
Aos poucos, Herchcovitch injeta outras cores nas bases, em formas de pixels, como jatos de cor congelados pelo gesto computadorizado.
Em um único look, junta os splashes do "action painting" (pintura feita atirando a tinta no suporte à distância) com a técnica do "color field" (em que a cor é usada em função da construção da forma), adotada por Rothko e Newman e depois por Pollock.
Além de intelectual, a coleção inclui tendências como os recortes vazados e o mix de tons vivos com outros lavados. Muito além do discurso vazio, bastante comum no meio fashion, Herchcovitch expressa seus desejos em gestos firmes de moda.

FOLHA.com
Veja vídeos dos desfiles do segundo dia da SPFW
folha.com.br/mm749058


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