São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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Cabral afirma que crise está superada

Segundo Promotoria, 429 bombeiros e dois policiais militares foram presos por invadir quartel na sexta passada

Presos querem anistia; às 23h, os nove líderes do movimento foram soltos em São Cristóvão e seguiram para Niterói


Eduardo Naddar/Folhapress
Manifestação de apoio a bombeiros diante da Assembleia do RJ

DO RIO

A crise entre bombeiros e governo do Estado do Rio ganhou ontem seus primeiros sinais de distensão com a concessão de um habeas corpus aos rebelados pelo desembargador Cláudio Brandão, do Tribunal de Justiça.
O governador Sérgio Cabral (PMDB), cuja equipe vinha reiterando que a solução estava nas mãos do Judiciário, sinalizou que não haverá recurso da decisão ao afirmar que a prisão é "um episódio superado" e que "é hora de olhar para a frente."
Às 23h de ontem, os nove líderes do movimento dos bombeiros que estavam presos em um quartel em São Cristóvão, foram soltos.
Em carreata, rumaram para o quartel de Charitas, em Niterói, onde estão os outros manifestantes.
O comboio chegou à Niterói por volta das 23h45. Todos passariam a noite no local de onde estava previsto que saíssem hoje cedo para a Assembleia Legislativa do Rio.
No quartel de São Cristóvão, foram tocadas sirenes quando os acusados de motim deixaram a prisão. Os bombeiros entraram direto em carros que os esperavam, sem falar com jornalistas.
Os bombeiros, presos por invadir o Quartel Central na sexta da semana passada, pedem agora a anistia dos detidos, para que eles não corram risco de condenação.
O Ministério Público denunciou ontem 429 bombeiros e dois policiais militares por motim, danos materiais e danos a veículos oficiais.
A Promotoria disse que o total de 439 detidos divulgado no sábado pelo governo estadual "não correspondia ao total de presos". Foram denunciados 14 bombeiros como "cabeças" do movimento.
A categoria convocou uma grande passeata para amanhã, em Copacabana.
Problemas nos sistemas eletrônicos do Tribunal de Justiça e erros na identificação dos presos foram apontados como motivos para o atraso da soltura.
O habeas corpus foi pedido na noite de anteontem pelos deputados federais Alessandro Molon (PT-RJ), Dr. Aluizio (PV-RJ) e Protogenes Queiroz (PC do B-SP).
Após a concessão, manifestantes decidiram esperar os bombeiros na escadaria da Assembleia, onde estão acampados desde sábado.

SALÁRIOS
A soltura dos 431 presos e uma eventual anistia não esvaziam, no entanto, as demandas que acabaram desencadeando as prisões -por melhores salários e condições de trabalho.
Anteontem, o governo anunciou a antecipação de um aumento de 5,58%. A previsão era a de que ele fosse pago escalonadamente até o final deste ano.
O novo piso, de R$ 1.265, seguirá, porém, muito abaixo dos R$ 2.000 reivindicados pelos bombeiros.
Isso não impede o secretário de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, de dar a crise como encerrada.
"Tenho conversado muito com a tropa e minha expectativa e certeza é a de que definitivamente vamos voltar ao procedimento normal", disse. (RODRIGO RÖTZSCH, FABIO GRELLET e MARCO ANTONIO MARTINS)


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