São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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68 horas sem luz

Os cerca de 200 moradores de um condomínio em Cotia ficaram sem energia após ventania de terça; água teve de ser comprada de três caminhões-pipa

FERNANDA BARBOSA
DO "AGORA"

O jantar à luz de velas virou moda no Condomínio Colinas do São Fernando, em Cotia (Grande SP), na última semana. E a refeição, que não tinha nada a ver com o Dia dos Namorados, costumava ser seguida por um banho de caneca.
Após a ventania da última terça-feira, os cerca de 200 moradores ficaram 68 horas sem energia. Computadores, geladeiras e aquecedores ficaram desligados das 17h do último dia 7 até pouco antes das 13h de ontem.
A falta de luz influenciou também o abastecimento de água, que é feito por meio de bombas. Para solucionar o problema, o condomínio comprou três caminhões-pipa -a R$ 750 cada um.
"Todo o estoque de comida foi para o beleléu", afirmou o administrador de empresas Plínio Setti da Costa, 59, que diz pagar R$ 1.350,52 de IPTU. Um terreno vazio de 600 m2 próximo ao dele vale hoje R$ 90 mil.
Costa mora no condomínio há dois anos, com a mulher, Luciana, e uma filha de três meses. "Amamentei todos os dias no escuro e, para trocar a fralda de madrugada, tinha que ser com a lanterna", conta a chef Luciana.
A jornalista Patrícia Rabello, 38, preferiu deixar sua casa com a filha de dois anos e ficar provisoriamente hospedada com um parente. "Não tinha como fazer comida para a nenê. Me senti no "Ensaio Sobre a Cegueira" [livro de José Saramago]."
As refeições da advogada Yara Mandarino, 51, também foram afetadas. Ela havia feito compras no domingo e tinha um freezer e uma geladeira cheios de comida. Ontem, teve de jogar tudo no lixo: ricota, capelleti, alface, frutos do mar, picanha e até uma paella congelada.
"Como aqui é longe de tudo, a gente sempre abastece a geladeira. Agora, não adianta reclamar, porque ninguém vai pagar o que perdi", disse.
A queda de galhos de árvores na rede elétrica também prejudicou o sistema de segurança. Os porteiros ficaram sem rádio e sem comunicação com os moradores. Para abrir o portão de entrada, tinha de ser no braço.
Moradores disseram que irão acionar a Eletropaulo judicialmente -a empresa não comentou o assunto até o fechamento desta edição.


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