São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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CAMELÔS DO MUNDO

Pequenos exportadores vendem produtos improváveis como caixão funerário e ketchup de goiaba

Itens inusitados ganham mercado externo

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA

Acredite: a foto ao lado reúne exportadores brasileiros posando com seus produtos. Concorrentes inconciliáveis até pouco tempo atrás, eles sepultaram as disputas e se juntaram para vender lá fora um produto de consumo praticamente universal, mas pouco ou nada freqüente na pauta de exportação: caixões de defunto.
"Eu pensei: "Por que não?". Afinal, morre gente no mundo o tempo todo", lembra o muito vivo Fábio Marcucce, 30, que começou um estudo em 2001 sobre o mercado de caixões. Daí a concluir que as possibilidades eram bastante promissoras foi um pulo.
"Descobri que a mão-de-obra no setor era muito barata, que a incidência de insumo sobre o importado para a fabricação no Brasil é baixa e que a madeira utilizada na confecção do produto, o pínus, é reflorestável, uma exigência de países ecologicamente corretos", conta. Hoje, Marcucce e 15 empresários vendem cerca de 600 caixões por mês para Itália, Chile, EUA, Espanha e Portugal.
Por mais promissores que sejam, caixões não chegam a ser, assim, nenhuma soja, produto vedete que o mercado brasileiro exporta em milhões de toneladas para muitos países. Mas fazem parte de uma lista de itens inusitados que, vendidos apenas em poucas dúzias ou algumas centenas, ajudam a engordar os saldos da balança comercial.
É o bucho de boi que virou couro de sapato de grife exposto nas vitrines da Itália; o quimono que ganhou aceitação no Japão; o ketchup de goiaba bem recebido nos EUA; a manta de pele de rã e de peixe que, colada com solda artesanal nacional, faz chinês comprar sofá de peixe.
Microexportadores de um país do 3º Mundo, como o Brasil, sabem que é preciso exercitar muito a criatividade para aparecer no mercado internacional. Também há que ser teimoso, quase chato.


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