São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2001

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Cintra diz ter visto piloto afundar

DA REPORTAGEM LOCAL

"As decisões que tive de tomar para ir nadando sozinho foram as piores", disse ontem o co-piloto Luís Roberto de Araújo Cintra, ao lembrar ter visto o piloto inconsciente dentro da água, afundando, e de ter perdido no mar a modelo Fernanda Vogel, depois que ela já tinha se afastado do empresário João Paulo Diniz.
Logo que as duplas foram isoladas pelas ondas, o co-piloto disse ter tentado motivar Ronaldo Jorge Ribeiro a nadar. Chegou a empurrá-lo, mas não nadava bem para isso. "Ele não conseguia [bater os braços], acho que se machucou na queda do helicóptero."
Cintra não lembra quanto tempo ficou ao lado dele. Ribeiro estava nervoso, bebia muita água misturada com querosene. Para o co-piloto, isso pode tê-lo intoxicado e colaborado para que se afogasse.
"Eu deixei ele de bruços, afundando. Eu estava com minhas pernas queimando [por causa da querosene], via a praia [luzes] muito longe e estava chegando à exaustão. Daí, comecei a nadar devagarinho", conta. Ele se salvou nadando "cachorrinho".
Depois de se afastar do piloto, Cintra disse ter encontrado Fernanda boiando. "Via uma cabecinha na água." Ela já havia se perdido do namorado. Diniz, em entrevista à revista "Veja", disse que os dois se afastaram quando ele a encorajava a nadar. O empresário afirmou ter nadado várias vezes à frente dela, retornando depois para motivá-la. Numa dessas vezes, ela desapareceu nas fortes ondas.
Os dois conversaram apenas sobre Diniz. ""Ela contou que tinha se perdido dele e que achava que ele tinha ido buscar ajuda."
Cintra, então, disse ter tentado puxar a modelo pelo braço, para que ela nadasse cachorrinho com ele, como havia tentado fazer antes com o piloto. ""Eu gritava: "Vamos embora que eu não quero morrer", mas ela não reagia."
Ela dizia que ""não conseguia, que estava com dores no corpo e bebendo muita água", recordou. "Chegou um momento que as ondas nos separaram. Eu gritei com todas as minhas forças, mas ela não reagia e se distanciava."
O co-piloto, contudo, disse não ter conseguido ver se a modelo afundou ou não. Estava escuro.
Duas horas e meia depois do acidente, aproximadamente, ele chegou à praia, onde recebeu ajuda de moradores próximos. Não conseguia andar de tão cansado.



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