São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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CORREDOR DA DISCÓRDIA

Sugestão foi apresentada ontem para resolver a disputa em torno de via exclusiva para ônibus na zona sul

Marta propõe "assumir" passageiro do Estado

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário dos Transportes da gestão Marta Suplicy (PT), Gerson Bittencourt, sugeriu ontem uma solução alternativa para ônibus intermunicipais vindos de Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu, que anteontem foram barrados ao percorrer seus trajetos tradicionais na capital.
Pela proposta da prefeitura, os coletivos municipais "assumiriam" a viagem dentro de São Paulo desses passageiros, que fariam baldeações gratuitas em terminais e teriam uma economia diária de até R$ 1,20.
A proposta é uma opção para as divergências sobre as mudanças de itinerários de veículos da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), por conta da inauguração, no final de semana, do corredor de ônibus Passa Rápido Jardim Ângela-Guarapiranga-Santo Amaro, com 7,3 km de extensão.
A SPTrans (órgão municipal que cuida do transporte) determinou mudanças nos trajetos de linhas que transportam 18 mil passageiros e foi acusada pela EMTU de barrar anteontem os ônibus intermunicipais que entravam em vias como a avenida Guarapiranga e a estrada do M'Boi Mirim.
Pela proposta de Bittencourt, os usuários vindos desses municípios da região metropolitana e que pagam até R$ 2,30 pela viagem passariam a pagar R$ 1,70 em cada trajeto -na ida e na volta.
Em compensação, os coletivos intermunicipais, em vez de entrarem em São Paulo pelo Passa Rápido, deixariam os usuários no terminal municipal mais próximo da divisa. Dali, os passageiros fariam baldeações gratuitas para outros bairros de São Paulo.
No percurso de volta a Itapecerica da Serra ou Embu-Guaçu, a regra seria a mesma: eles pagariam R$ 1,70 em um ônibus municipal e desceriam num terminal, onde a transferência seria gratuita para os veículos da EMTU.
Esse modelo seria estendido aos demais ônibus intermunicipais que entram na capital paulista, cujos preços variam de R$ 1,70 a R$ 2,60, dependendo da distância percorrida, mas apenas depois de uma fase de testes.
A proposta deve receber uma resposta oficial do Estado somente amanhã, mas enfrenta a resistência da EMTU -e principalmente das empresas de ônibus que prestam serviço para ela.
O presidente da empresa estadual, Joaquim Lopes, afirma que os técnicos estão analisando se haveria viabilidade para não haver quebra do equilíbrio econômico-financeiro das viações -que operam sem licitação, com contratos prorrogados desde 1998- nem injeção de subsídios.
A idéia, na prática, significa que tanto as empresas municipais como as intermunicipais acabariam recebendo em média somente R$ 0,85 por viagem -R$ 1,70 só na ida ou só na volta. Os ônibus ligados à EMTU reduziriam seus gastos por rodar menores distâncias -mas teriam suas linhas esvaziadas. Os coletivos vinculados à SPTrans passariam a fazer um transporte adicional, mas também teriam uma receita adicional.
O secretário de Marta alega que essa solução beneficiaria passageiros -que pagariam menos- e reduziria a frota em circulação.


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