São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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SEGURANÇA

Equipamentos vigiarão controle de acesso; medida é reação à fuga em massa de unidade de segurança máxima

Febem vai testar câmeras de vídeo antifuga

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) vai testar a instalação de câmeras em suas unidades para tentar coibir eventuais infrações funcionais que facilitem fugas e rebeliões.
A instalação deve ser feita nas cinco unidades de alta contenção -nos complexos Raposo Tavares, Vila Maria e Tatuapé-, que abrigam reincidentes graves.
A medida é uma resposta a uma fuga em massa ocorrida há três semanas exatamente em uma dessas unidades -a 37 da Raposo Tavares-, que evidenciou falhas nas recém-construídas instalações de segurança máxima.
Na ocasião, nem os muros dois metros mais altos do que o normal nem o maior isolamento dos infratores -há apenas dois adolescentes por quarto- impediram que 43 dos 114 internos fugissem. Eles saíram correndo pelo portão da frente.
"Isso demonstra que temos de fazer mudanças no controle de acesso", disse à Folha, ontem à noite, o presidente da Febem, Marcos Antônio Monteiro.
Segundo ele, as câmeras vigiarão o portão de entrada e saída dos pavilhões e também o funcionário que controla a abertura dessa passagem, já que ela deve operar como as portarias de alguns condomínios: uma grade só se abre se a anterior já se fechou.
"Isso só será bom para os funcionários se o processo for transparente, o que não tem ocorrido", afirma Antonio Gilberto da Silva, presidente do sindicato dos trabalhadores da Febem.
Silva se refere a um episódio que se deu em Franco da Rocha -único complexo que já teve câmeras-, no qual, segundo a entidade, fitas foram editadas para sugerir que monitores liberaram menores para um motim.
Além das câmeras, a Febem testará ainda neste ano as audiências por teleconferência. A intenção é liberar os funcionários que acompanham os infratores e reduzir os gastos desses deslocamentos -estimados em R$ 12 milhões por ano só para a fundação.
O sindicato admite que as teleconferências vão ajudar a repor um déficit de pessoal que, estima a entidade, chega a 50% nos pátios da Febem, mas alega que a medida ainda é insuficiente. "Dos 7.300 funcionários na ativa [a Febem fala em 8.400], temos 3.200 nos pátios. Teria de ser 6.000."
A discussão acerca do efetivo da fundação voltou à pauta anteontem, com a divulgação de um relatório de vistorias realizadas pelo Tribunal Regional do Trabalho.
Nele, o TRT afirma que o número médio de funcionários da fundação é "absolutamente insuficiente para garantir uma atmosfera segura". O documento foi apresentado durante audiência de conciliação, pois os funcionários estão em greve há 40 dias.
"Vamos contestar as conclusões [na próxima segunda], pois elas não têm base científica nenhuma. O relatório, é bom frisar, foi feito durante a greve. É de uma subjetividade fantástica", diz Monteiro.
Segundo ele, a fundação tenta manter, em média, de oito a dez adolescentes por funcionário, mas ainda tem dificuldades devido a licenças e afastamentos.


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