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SEGURANÇA
Equipamentos vigiarão controle de acesso; medida é reação à fuga em massa de unidade de segurança máxima
Febem vai testar câmeras de vídeo antifuga
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Febem (Fundação Estadual
do Bem-Estar do Menor) vai testar a instalação de câmeras em
suas unidades para tentar coibir
eventuais infrações funcionais
que facilitem fugas e rebeliões.
A instalação deve ser feita nas
cinco unidades de alta contenção
-nos complexos Raposo Tavares, Vila Maria e Tatuapé-, que
abrigam reincidentes graves.
A medida é uma resposta a uma
fuga em massa ocorrida há três
semanas exatamente em uma
dessas unidades -a 37 da Raposo Tavares-, que evidenciou falhas nas recém-construídas instalações de segurança máxima.
Na ocasião, nem os muros dois
metros mais altos do que o normal nem o maior isolamento dos
infratores -há apenas dois adolescentes por quarto- impediram que 43 dos 114 internos fugissem. Eles saíram correndo pelo
portão da frente.
"Isso demonstra que temos de
fazer mudanças no controle de
acesso", disse à Folha, ontem à
noite, o presidente da Febem,
Marcos Antônio Monteiro.
Segundo ele, as câmeras vigiarão o portão de entrada e saída
dos pavilhões e também o funcionário que controla a abertura dessa passagem, já que ela deve operar como as portarias de alguns
condomínios: uma grade só se
abre se a anterior já se fechou.
"Isso só será bom para os funcionários se o processo for transparente, o que não tem ocorrido",
afirma Antonio Gilberto da Silva,
presidente do sindicato dos trabalhadores da Febem.
Silva se refere a um episódio que
se deu em Franco da Rocha
-único complexo que já teve câmeras-, no qual, segundo a entidade, fitas foram editadas para
sugerir que monitores liberaram
menores para um motim.
Além das câmeras, a Febem testará ainda neste ano as audiências
por teleconferência. A intenção é
liberar os funcionários que acompanham os infratores e reduzir os
gastos desses deslocamentos
-estimados em R$ 12 milhões
por ano só para a fundação.
O sindicato admite que as teleconferências vão ajudar a repor
um déficit de pessoal que, estima
a entidade, chega a 50% nos pátios da Febem, mas alega que a
medida ainda é insuficiente. "Dos
7.300 funcionários na ativa [a Febem fala em 8.400], temos 3.200
nos pátios. Teria de ser 6.000."
A discussão acerca do efetivo da
fundação voltou à pauta anteontem, com a divulgação de um relatório de vistorias realizadas pelo
Tribunal Regional do Trabalho.
Nele, o TRT afirma que o número médio de funcionários da fundação é "absolutamente insuficiente para garantir uma atmosfera segura". O documento foi apresentado durante audiência de
conciliação, pois os funcionários
estão em greve há 40 dias.
"Vamos contestar as conclusões
[na próxima segunda], pois elas
não têm base científica nenhuma.
O relatório, é bom frisar, foi feito
durante a greve. É de uma subjetividade fantástica", diz Monteiro.
Segundo ele, a fundação tenta
manter, em média, de oito a dez
adolescentes por funcionário,
mas ainda tem dificuldades devido a licenças e afastamentos.
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