São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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NA AREIA

Animal estava encalhado desde domingo em Niterói e foi alvo de oito tentativas de resgate, até a tarde de ontem

Baleia morre no Rio após 50 horas de agonia

ALEXANDRE CAMPBELL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de mais de 50 horas encalhada e de oito tentativas frustradas de salvação, uma baleia jubarte morreu no início da tarde de ontem na praia do Forte Imbuhy, em Niterói (a 15 km do Rio).
Existem duas versões para a causa da morte: asfixia ou hemorragia interna por causa do peso, cerca de 15 toneladas.
"Ela estava muito estressada e acabou se virando e fechando a sua própria respiração. Esta é a possibilidade mais forte. Foi muito triste. O sentimento de impotência é muito grande. Nós tentamos um final feliz", disse a bióloga Bernadete Fragoso, do projeto Maqua (Mamíferos Aquáticos) da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Para a bióloga, o animal tinha entre nove e dez anos de idade, o que ela classifica como um sub-adulto.
A morte da baleia jubarte, que encalhou no último domingo, emocionou as cerca de 150 pessoas que estavam na praia. Algumas choraram.
Pouco antes de o animal morrer, um dos dois cabos usados no rebocador cedido pela Petrobras arrebentou e frustrou a última tentativa de devolver o mamífero às águas mais profundas.
As tentativas de salvamento mobilizaram homens do Corpo de Bombeiros, da Petrobras, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Defesa Civil, além de um grupo de biólogos da Uerj.
Um bombeiro, que segurava os cabos do rebocador usado para devolvê-la ao mar, teve os dois braços quebrados em um dos momentos em que a baleia sacudiu a cauda.

Migração
Existem poucos registros no país de operação de resgate de baleias com vida. De julho a novembro, as baleias jubarte costumam passar pelo litoral do Rio ao migrar da Antártida para Abrolhos, na Bahia.
Depois da morte do animal, o rebocador tirou o corpo da praia. "A operação de salvamento é muito delicada. Não podíamos amarrá-la no barco e puxá-la de qualquer maneira. Isso poderia romper a coluna da baleia. Queríamos tirá-la dali com vida e saúde. No fundo do mar, ela não sente o seu peso. A gravidade lá é quase zero", disse Bernadete. A bióloga explicou que a pequena inclinação da praia também foi um dos complicadores do resgate.


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