São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Lembo critica pressão do PSDB e do PFL e alerta seu secretário por declarações

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Cláudio Lembo (PFL) reagiu com irritação e disse ontem que não aceita pressões políticas de aliados do PFL e do PSDB para que aceite a oferta do governo federal, de deslocar tropas do Exército para ajuda a polícia paulista.
A Folha revelou ontem que parte dos comandos de campanha do ex-governador Geraldo Alckmin (à Presidência) e de José Serra (governo paulista), ambos do PSDB, querem que Lembo flexibilize sua posição.
Serra, hoje favorito à sucessão de Lembo, diz publicamente que aceitaria o Exército. PSDB e PFL temem que um agravamento da crise possa afetá-los nas eleições. "As campanhas deles estão lá com autonomia. No Estado, quem dirige, toma decisões, ouvindo assessores e secretários, é o governador", disse Lembo.
O governador afirmou não aceitar "interferências indevidas" no governo. "Não houve essa interferência porque sabem que não seria aceita." Ele também fez uma cobrança velada aos candidatos. "Tenho responsabilidade por São Paulo e eles têm responsabilidade por uma boa campanha."
Lembo diz também esperar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não peça hoje a ele, no encontro que terão em São Paulo, que aceite as tropas. "O presidente dirá que, se precisar, pode usar [tropas], mas no momento não precisamos. Só vamos conversar muito."
O governador também advertiu seu secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, pelas declarações contra o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e a insinuação de que o PT estaria por trás dos atentados. "Pedi a ele que lesse os jornais e visse o reflexo das palavras de todos. Ele sabe refletir a partir do que lê."
Sobre a ameaça do secretário de deixar o cargo, Lembo afirmou que "ele é quem deve responder". Saulo está recolhido desde terça, um dia após classificar de "factóide" e ter posto em dúvida a transferência de R$ 100 milhões da União. O secretário disse ainda que deixaria o cargo quando a verba saísse. Ontem foi anunciado o repasse de quase R$ 80 milhões.
Segundo a assessoria, Saulo sentiu uma virose na segunda à noite. Na terça nem trabalhou. Só despachou na quarta à tarde. Ontem, retomou seus compromissos normais, mas se recusou a conceder entrevista à Folha sobre o afastamento.
Já Aloizio Mercadante (PT), candidato ao governo de São Paulo, disse que "o Saulo tem a obrigação de renunciar, conforme havia prometido".
O secretário, em nota, acusou Mercadante de barrar investigações contra o PT no Congresso e reafirmou que o dinheiro federal só estará na caixa do Estado no próximo ano. Segundo ele, Thomaz Bastos disse que a verba seria "para reformar 25 mil vagas destruídas [nas prisões]. Não chegou. Essa fatura ficará para o próximo governo".


Colaborou a Folha Online

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