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Lembo critica pressão do PSDB e do PFL e alerta seu secretário por declarações
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador Cláudio Lembo (PFL) reagiu com irritação e
disse ontem que não aceita
pressões políticas de aliados do
PFL e do PSDB para que aceite
a oferta do governo federal, de
deslocar tropas do Exército para ajuda a polícia paulista.
A Folha revelou ontem que
parte dos comandos de campanha do ex-governador Geraldo
Alckmin (à Presidência) e de
José Serra (governo paulista),
ambos do PSDB, querem que
Lembo flexibilize sua posição.
Serra, hoje favorito à sucessão de Lembo, diz publicamente que aceitaria o Exército.
PSDB e PFL temem que um
agravamento da crise possa
afetá-los nas eleições. "As campanhas deles estão lá com autonomia. No Estado, quem dirige,
toma decisões, ouvindo assessores e secretários, é o governador", disse Lembo.
O governador afirmou não
aceitar "interferências indevidas" no governo. "Não houve
essa interferência porque sabem que não seria aceita." Ele
também fez uma cobrança velada aos candidatos. "Tenho
responsabilidade por São Paulo e eles têm responsabilidade
por uma boa campanha."
Lembo diz também esperar
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não peça hoje a
ele, no encontro que terão em
São Paulo, que aceite as tropas.
"O presidente dirá que, se precisar, pode usar [tropas], mas
no momento não precisamos.
Só vamos conversar muito."
O governador também advertiu seu secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, pelas declarações
contra o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e a insinuação de que o PT estaria por
trás dos atentados. "Pedi a ele
que lesse os jornais e visse o reflexo das palavras de todos. Ele
sabe refletir a partir do que lê."
Sobre a ameaça do secretário
de deixar o cargo, Lembo afirmou que "ele é quem deve responder". Saulo está recolhido
desde terça, um dia após classificar de "factóide" e ter posto
em dúvida a transferência de
R$ 100 milhões da União. O secretário disse ainda que deixaria o cargo quando a verba saísse. Ontem foi anunciado o repasse de quase R$ 80 milhões.
Segundo a assessoria, Saulo
sentiu uma virose na segunda à
noite. Na terça nem trabalhou.
Só despachou na quarta à tarde. Ontem, retomou seus compromissos normais, mas se recusou a conceder entrevista à
Folha sobre o afastamento.
Já Aloizio Mercadante (PT),
candidato ao governo de São
Paulo, disse que "o Saulo tem a
obrigação de renunciar, conforme havia prometido".
O secretário, em nota, acusou
Mercadante de barrar investigações contra o PT no Congresso e reafirmou que o dinheiro
federal só estará na caixa do Estado no próximo ano. Segundo
ele, Thomaz Bastos disse que a
verba seria "para reformar 25
mil vagas destruídas [nas prisões]. Não chegou. Essa fatura
ficará para o próximo governo".
Colaborou a Folha Online
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