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Orçamento de 2007 desdiz
promessa de Lula para Rodoanel
Governo prometeu repassar R$ 140 mi por ano para a obra
viária, mas reservou apenas R$ 50 mi na previsão de gastos
Quando estiver pronto, o Rodoanel absorverá 30% dos veículos que usam São Paulo como passagem de uma estrada para outra
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) -que se comprometeu a repassar R$ 140 milhões por ano para a construção
do trecho sul do Rodoanel- reservou somente R$ 50 milhões
no Orçamento de 2007 para a
obra, que integra o projeto da
principal interligação rodoviária no Estado de São Paulo.
O custo total do trecho sul
-incluindo projetos e desapropriações- é estimado em R$
3,5 bilhões. Somente na obra,
que será iniciada pelo governo
do Estado nesta semana, serão
gastos R$ 2,5 bilhões.
O governo Lula prometeu repassar R$ 700 milhões em cinco parcelas anuais de R$ 140
milhões, mas nada foi liberado
neste ano ainda, embora o Orçamento da União de 2006 preveja investimentos de R$ 33,9
milhões na obra do Rodoanel.
A Folha procurou na semana
passada o Ministério dos
Transportes para saber por que
houve corte na previsão de gastos com a obra no Orçamento
de 2007, encaminhado ao Congresso no dia 31. O Orçamento
ainda precisa ser votado pelos
parlamentares.
Também buscou informações no Ministério do Planejamento, responsável por elaborar o Orçamento da União. Nenhum dos ministérios quis se
pronunciar sobre a verba.
O Rodoanel foi concebido
para interligar as estradas que
cortam São Paulo, possibilitando que os veículos não precisem passar mais pela cidade
para seguir de uma rodovia para outra.
Estima-se que, quando estiver concluído, o Rodoanel absorva cerca de 30% do fluxo de
veículos que usam a cidade
apenas como passagem.
Até agora, apenas o trecho
oeste da obra -ligando as rodovias Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castello Branco,
Anhangüera e Bandeirantes
-foi concluído.
O trecho sul -a segunda etapa da obra- começa na rodovia
Régis Bittencourt, no entroncamento com o trecho oeste,
passa pelas rodovias dos Imigrantes e Anchieta, chegando
ao município de Mauá.
Há duas semanas, a Folha
revelou que o site da candidatura de Lula à reeleição havia
inflado os investimentos prometidos pelo governo federal
para o Rodoanel.
A mensagem dizia que "já começa a ser liberado R$ 1,16 bilhão para as obras do trecho sul
do Rodoanel". Nada tinha sido
repassado, porém.
Depois de ser procurada pela
Folha, a campanha do presidente mudou o texto e passou a
divulgar que "as obras [...] receberão R$ 1,16 bilhão nos próximos anos".
Esse valor, no entanto, também estava errado, segundo o
próprio Ministério dos Transportes. O acordo inicial prevê
repasses de R$ 700 milhões para o governo estadual.
O governo de São Paulo tem
usado a falta de repasses da
União para a obra como argumento para a necessidade de
cobrar pedágio no Rodoanel.
Pelo plano, defendido pelo
secretário de Estado dos
Transportes, Dario Rais Lopes,
o valor arrecadado no trecho
pronto seria utilizado na construção dos novos trechos.
Segundo o secretário, seria a
única forma de garantir a continuidade do projeto sem depender de questões políticas.
Polêmica
A tese do pedágio é polêmica
porque, para evitar a cobrança
da tarifa, motoristas podem optar por continuar a usar as marginais Pinheiros e Tietê como
via de passagem de uma estrada
a outra. Essa situação descaracterizaria o principal objetivo do
Rodoanel, que é retirar caminhões de São Paulo.
Pela proposta do secretário, a
tarifa seria equivalente às das
demais rodovias entregues à
iniciativa privada, o que também ocorreria com o Rodoanel.
Projetando em valores de hoje, a tarifa no trecho oeste estaria em cerca de R$ 3,70 para os
32 km, por onde passam 201
mil veículos por dia. Já o trecho
sul, com 61 km e poucos acessos
alternativos, teria pedágio no
valor aproximado de R$ 7,20
para toda a extensão.
Com o dinheiro da arrecadação do pedágio, a iniciativa privada teria ainda mais garantias
para, em caso de necessidade,
levantar financiamentos para
concluir todo o projeto, já que o
empréstimo terá um lastro.
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo, já disse ser favorável ao pedágio.
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