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ANÁLISE
Proposta faz Brasil retroceder aos anos 70
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O físico austríaco Wolfgang
Pauli costumava rejeitar ideias
absurdas com uma frase que ficou famosa: "Isto não está certo. Não está nem sequer errado". O mesmo pode ser dito da
proposta de liberar carros de
passeio a diesel no Brasil.
Neste momento, o país -ou
pelo menos a sociedade civil-
se esforça justamente para caminhar no sentido oposto: contra o lobby das montadoras e da
Petrobras, tenta reduzir a poluição do ar causada pelo diesel
de ônibus e caminhões.
E o Conselho Nacional do
Meio Ambiente acaba de determinar que a poluição dos utilitários a diesel seja reduzida em
33% a partir de 2013.
Injetar um número ainda incerto de novos veículos a diesel
na frota anularia a medida, com
a consequência previsível do
aumento nas mortes (quase 20
por dia hoje só na Grande São
Paulo) por essa poluição.
Ruim para a saúde, ruim para
o planeta. O diesel emite muito
mais gás carbônico (o principal
gás de efeito estufa) do que o álcool. Hoje, virtualmente todos
os veículos novos fabricados no
país são flex. Mas, paradoxalmente, as emissões brasileiras
no setor de transportes cresceram 56% entre 1994 e 2007
-enquanto o PIB cresceu 45%.
O que provavelmente ocorreu foi que o aumento da frota
de caminhões e utilitários anulou também o benefício do flex.
Num momento em que o governo tenta exportar o álcool
como bala mágica contra o
aquecimento global, ficaria difícil explicar uma decisão doméstica de retroceder aos anos
1970 e abraçar o diesel -um
combustível fóssil até no nome.
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