São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

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FOCO

Roda de jazz invade reduto do samba no Rio

Quinteto se apresenta na Lapa nas noites de quarta; cidade teve 3 festivais em 2011

PAULA BIANCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Quem passa pela rua do Teatro, centro do Rio, nas noites de quarta-feira estranha encontrar diante do Centro Cultural Carioca, tradicional reduto do samba, centenas de pessoas ouvindo ao vivo clássicos de Miles Davis e John Coltrane.
Os garotos do Nova Lapa, centro dessa reunião, integram um movimento que vem tomando ruas e bares da cidade nos últimos meses, reivindicando espaço para um ritmo que remete mais a Nova Orleans que ao Rio: o jazz.
Só nesse ano já foram três festivais na cidade, além da nona edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, em junho, na Região dos Lagos. "O jazz já é tocado no Rio há muito tempo. A sacada para tocar a juventude foi a rua", diz Eduardo Santana, 26. Trompetista do Nova Lapa Jazz, quinteto que começou em março como uma tímida jam session em frente a um boteco, ele diz se surpreender com a grande aceitação.
Além dos clássicos, eles investem em composições próprias e improvisações, aprovadas pelo público que aumenta a cada semana, e terminam o show passando o chapéu para pagar o equipamento. "As pessoas chegam a roubar nosso set list."
Para o músico e pesquisador australiano Mike Ryan, dono da Triboz, casa de jazz aberta em 2008 na Lapa, apesar de o ritmo "estar na moda", faltam espaços para os músicos tocarem. Por isso, os poucos existentes lotam.
"O jazz é um estilo difícil de popularizar no Brasil. Não toca no rádio", afirma Uira Fortuna, diretor da Fundição Progresso, casa de shows na Lapa. Ele vê as redes sociais e o boca a boca como indutores do crescimento. "As pessoas vão a esses shows e são apresentadas ao estilo numa festa. Tem um lado de Carnaval, como tudo no Rio", diz.
Autor do blog RioCult (www.riocult.info), Pedro Monnerat vê o jazz não necessariamente ressurgindo, mas conquistando novos espaços. O que não impede que o samba do CCC conviva tranquilamente com saxofones e trompetes. "O que o público jovem descobriu é que o jazz não precisa ficar restrito a lugares onde você tem que falar baixo e ficar sentadinho", diz.
"Não é exatamente o Rio que está entrando na onda do jazz, mas o jazz que está entrando na onda do Rio."


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