|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFERENDO
Segundo o órgão, a falta de informação sobre o estatuto eleva número de pedidos por parte de policiais e promotores
Cresce a procura por registro de arma, diz Polícia Federal
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas do referendo sobre
a proibição ou não do comércio
legal de armas, no próximo dia 23,
a Polícia Federal constatou que
houve uma explosão pela procura
de registros, recadastramento e
transferências de armas.
Em São Paulo, os pedidos de registro de arma subiram de 647,
em maio, para 2.092, em agosto.
Junho e julho tiveram, respectivamente, 1.266 e 1.500 solicitações.
Ontem, a assessoria da PF disse
que não tinha os dados de 2004
sobre registros no Estado.
O Estatuto do Desarmamento,
em vigor desde dezembro de
2003, permite o registro de armas,
mas proíbe o porte para civis.
Segundo o delegado da PF, Fernando Segovia, coordenador do
Sinarm (Sistema Nacional de Armas), "boa parte" dos que querem registrar novas armas às vésperas do referendo são policiais,
promotores e até magistrados.
Segovia considera que esses pedidos tenham ocorrido por falta
de informação, pois, segundo o
estatuto, pessoas dessas categorias podem portar uma arma,
mesmo se o "não" vencer o referendo. "Não tenho um número
exato, mas esses novos pedidos
são dessas pessoas, que já têm armas e buscam ter outras", diz ele,
que é favorável à proibição do comércio de armas.
Para o delegado, criou-se uma
cultura de que o policial deve ter a
"segunda arma". "Existem casos
em que o policial usa a arma não
oficial para a prática de crimes." O
delegado afirma ainda que há casos de corporações que não fornecem armamento para os seus policiais que, em algumas ocasiões,
até pegam armas de ladrões e tentam registrá-las. "Com a proibição do comércio, caberá apenas
ao Estado o fornecimento."
Segundo dados do Sinarm, até 3
de outubro, São Paulo é o Estado
com mais armas registradas no
país, com 3.644.632. Depois, vêm
o Paraná (467.085) e o Rio Grande
do Sul (348.489). O Rio tem
309.069 armas. O Amapá, o menor número, com 14.340.
Para Antonio Alves, presidente
da ANPCA (Associação Nacional
dos Proprietários e Comerciantes
de Armas), não há esse aumento
apontado pela PF. "Acho isso improvável, já que é difícil imaginar
que a população procure mais armas se não poderá usá-las depois", disse ele, que é a favor do
"não". Segundo Alves, as campanhas contrárias à proibição da
venda de armas distorcem informações. Ele contou que, desde a
implantação do estatuto, o número de lojas de armas no país caiu
bastante. Alves estima que 90 mil
pessoas ficarão desempregadas
caso o "sim" vença o referendo.
Para o coronel da reserva do
Exército, Marco Antonio dos Santos, ligado ao Movimento Viva
Brasil (que é a favor do "não"), os
crimes não vão diminuir com a
proibição do comércio de armas.
"Estatísticas mostram que países
que proíbem o acesso às armas
têm taxas de homicídio tão baixas
quanto aqueles que autorizam."
Texto Anterior: Saúde: Greve afeta serviços em hospital de SP Próximo Texto: Faturamento caiu, diz lojista Índice
|