São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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REFERENDO

Segundo o órgão, a falta de informação sobre o estatuto eleva número de pedidos por parte de policiais e promotores

Cresce a procura por registro de arma, diz Polícia Federal

ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas do referendo sobre a proibição ou não do comércio legal de armas, no próximo dia 23, a Polícia Federal constatou que houve uma explosão pela procura de registros, recadastramento e transferências de armas.
Em São Paulo, os pedidos de registro de arma subiram de 647, em maio, para 2.092, em agosto. Junho e julho tiveram, respectivamente, 1.266 e 1.500 solicitações. Ontem, a assessoria da PF disse que não tinha os dados de 2004 sobre registros no Estado.
O Estatuto do Desarmamento, em vigor desde dezembro de 2003, permite o registro de armas, mas proíbe o porte para civis.
Segundo o delegado da PF, Fernando Segovia, coordenador do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), "boa parte" dos que querem registrar novas armas às vésperas do referendo são policiais, promotores e até magistrados.
Segovia considera que esses pedidos tenham ocorrido por falta de informação, pois, segundo o estatuto, pessoas dessas categorias podem portar uma arma, mesmo se o "não" vencer o referendo. "Não tenho um número exato, mas esses novos pedidos são dessas pessoas, que já têm armas e buscam ter outras", diz ele, que é favorável à proibição do comércio de armas.
Para o delegado, criou-se uma cultura de que o policial deve ter a "segunda arma". "Existem casos em que o policial usa a arma não oficial para a prática de crimes." O delegado afirma ainda que há casos de corporações que não fornecem armamento para os seus policiais que, em algumas ocasiões, até pegam armas de ladrões e tentam registrá-las. "Com a proibição do comércio, caberá apenas ao Estado o fornecimento."
Segundo dados do Sinarm, até 3 de outubro, São Paulo é o Estado com mais armas registradas no país, com 3.644.632. Depois, vêm o Paraná (467.085) e o Rio Grande do Sul (348.489). O Rio tem 309.069 armas. O Amapá, o menor número, com 14.340.
Para Antonio Alves, presidente da ANPCA (Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas), não há esse aumento apontado pela PF. "Acho isso improvável, já que é difícil imaginar que a população procure mais armas se não poderá usá-las depois", disse ele, que é a favor do "não". Segundo Alves, as campanhas contrárias à proibição da venda de armas distorcem informações. Ele contou que, desde a implantação do estatuto, o número de lojas de armas no país caiu bastante. Alves estima que 90 mil pessoas ficarão desempregadas caso o "sim" vença o referendo.
Para o coronel da reserva do Exército, Marco Antonio dos Santos, ligado ao Movimento Viva Brasil (que é a favor do "não"), os crimes não vão diminuir com a proibição do comércio de armas. "Estatísticas mostram que países que proíbem o acesso às armas têm taxas de homicídio tão baixas quanto aqueles que autorizam."


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