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Policiais civis de SP retomam greve e fazem ato na Paulista
Manifestantes saíram do Masp e foram para a Secretaria da Gestão Pública; muitos policiais civis estavam armados
Restrições orçamentárias impedem aumento de 15% solicitado pelos policiais, diz governo, que oferece 6,3% de reajuste à categoria
LUIS KAWAGUTI
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Aproximadamente 1.500 policiais civis -parte deles armados com pistolas e revólveres-
fizeram uma manifestação por
aumento salarial na av. Paulista
(centro de São Paulo) ontem.
A Delegacia Geral de Polícia
determinou que a escolta fosse
feita pela própria Polícia Civil, e
não pela Polícia Militar, como
ocorre em outras manifestações, para evitar um possível
confronto entre os dois órgãos.
A manifestação ocorreu um
dia depois do fracasso nas negociações com o governo, após
trégua de 48 horas na greve, em
que o atendimento foi retomado normalmente nas delegacias. O governo não aceitou a
proposta da categoria de aumento linear de 15%, mas concordou com a aposentadoria
especial aos 30 anos de serviço
e a extinção da 4ª e da 5ª classes
das carreiras da Polícia Civil.
O secretário da Gestão Pública, Sidney Beraldo, afirmou ontem que o governo não pode
conceder um aumento linear
superior a 6,2% devido às restrições orçamentárias e à crise
financeira internacional -que,
segundo estudos preliminares
da Secretaria, deve diminuir a
arrecadação em 2009.
De acordo com Beraldo, nos
últimos dois dias de negociação, o governo apresentou uma
proposta de aumento salarial
que equivale a um investimento de R$ 650 milhões na folha
de pagamento da Polícia Civil e
da Polícia Militar. Na fase inicial da greve, a proposta inicial
significava um investimento de
R$ 500 milhões. "Cada 1% de
aumento que damos custa R$ 58 milhões ao Estado."
Beraldo disse também que o
governo só volta a negociar
com o fim da greve e que as 48
horas de trégua foram "muito
pouco tempo para mostrar os
impactos [dos benefícios oferecidos pelo governo] nas carreiras". Sobre a manifestação, Beraldo afirmou: "Os sindicatos
politizaram e partidarizaram o
movimento".
Apoio político
Os policiais se reuniram por
volta das 13h no vão livre do
Masp. Na maior parte do tempo, o protesto ocupou a calçada,
mas em alguns momentos os
policiais também se espalharam pela faixa da direita da
Paulista. O ato terminou em
frente à Secretaria da Gestão
Pública, na rua Bela Cintra, fechada pelos manifestantes.
O deputado estadual Roberto
Felício (PT) subiu no carro de
som e declarou apoio da bancada do PT à greve. O presidente
da Força Sindical, o deputado
federal Paulo Pereira da Silva
(PDT), também declarou seu
apoio. O presidente do sindicato dos delegados, José Leal, disse que, apesar de o movimento
grevista não estar ligado a nenhum partido político, toda
ajuda é "aceita". Os manifestantes prometeram novo ato na
próxima quinta-feira.
As lideranças do movimento
também se reuniram com o
presidente da OAB-SP (Ordem
dos Advogados do Brasil), Luiz
Flávio Borges D'Urso, que pode
atuar como mediador da greve.
O senador Aloizio Mercadante (PT) disse ontem que o diálogo entre o governo e os policiais
deve ser restabelecido o mais
rápido possível. "É uma categoria armada, que pode prender e
até tirar a vida em determinados casos. Temos de evitar um
confronto social."
Na última terça-feira, o senador se manifestou sobre a greve
na tribuna do Senado, o que foi
considerado como oportunismo em nota do secretário da
Gestão Pública de anteontem.
Beraldo também afirmou que a
visita de Mercadante a uma associação grevista deixava clara
a participação do PT e da CUT
na greve. Em resposta, o senador disse ontem à Folha que a
declaração de Beraldo foi "infeliz, injusta e descabida".
Ocorrências
Dos cinco distritos policiais
da capital visitados ontem pela
reportagem, quatro retomaram
a greve e passaram a registrar
apenas casos graves -como homicídio e prisão em flagrante.
O 1º DP, na Sé (região central), tinha a sala de espera vazia no início da tarde. Quadro
bem diferente do encontrado
pela reportagem na quarta-feira, quando a mesma delegacia
chegou a distribuir mais de 60
senhas para atender ao público.
"Furtaram meu cartão de
crédito em 19 de setembro
[dois dias após o início da greve] e até agora não consegui registrar um BO", disse a cabeleireira Joana D'Arc Espíndola,
63, que foi ao 11º DP, em Santo
Amaro, na zona sul. "Eu preciso
do documento para o banco me
ressarcir. Os bandidos que estão com meu cartão já gastaram
mais de R$ 1.000 com ele."
Além do 1º e do 11º DPs, o 27º
DP, no Campo Belo, na zona
sul, também parou. Das delegacias visitadas, só a do aeroporto
de Congonhas manteve o funcionamento normal.
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