São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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ALFREDO SPEDITO DE SÁ (GRAMANI) (1929-2008)

Pois o espetáculo não termina jamais

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazia três anos que rosto e voz de Alfredo Gramani surgiam na TV, como um suspiro de vida criativa. Pois passara bons anos encenando no rádio, no tempo em que os atores de mais verve estrelavam programas de humor (fez até duetos de graça com Nair Bello). Nem no fim, deixaria o espetáculo acabar.
O começo no rádio veio com um empurrãozinho do primo àquela voz de rapaz do interior que queria subir na vida. É que Gramani (sobrenome artístico, do tio) nascera em Franca (SP) e fora criado em Uberlândia (MG) pelos tios. "A mãe tinha já três filhos e cedeu o quarto à irmã, que só tinha um", diz a viúva. Até ir para São Paulo.
E ficou. A voz, maleável e vívida, ajudou. "Fazia tudo: criança, velho, bêbado" e até na TV trabalhou, assim que a Record entrou no ar. Mas os filhos nasceram, precisou de dinheiro e virou publicitário e relações-públicas.
A criatividade, porém, porejava nos momentos de humor -e ele não ficava um minuto sem soltar uma piada, "especialmente se fosse para moças bonitas"; ou as senhoras do grupo de caminhada da Sociedade Esportiva Palmeiras, que apelidara de "O pastor e suas ohvélhinhas". O pastor, claro, era ele.
Deixou dois filhos e duas netas, ao morrer terça, de câncer, aos 79. E deixou um recorte curioso, encontrado pela viúva em sua gaveta. Amante de frases em latim, guardou um papelzinho com a frase: "Acta est fabula", ou "O espetáculo acabou".

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