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VIDA DE ARTISTA
Local foi reformado e desde o ano passado apresenta programação grátis às quartas-feiras
Teatro São Pedro exibe glamour da origem
DA COLUNISTA DA FOLHA
Em uma tarde de domingo,
táxis e carros começam a estacionar na rua Barra Funda. De
dentro deles, saem pessoas elegantes. A cena, que acontecia
em 1916, quando o Teatro São
Pedro foi inaugurado, é repetida hoje. O teatro foi reformado,
ganhou uma nova sala em 2002
e, desde o ano passado, apresenta programação gratuita todas às quartas-feiras. A construção em estilo art nouveau
faz com que uma tarde no meio
dos galpões da Barra Funda pareça européia.
A localização do teatro, em
uma rua que fica vazia durante
os finais de semana, não assusta os freqüentadores, admiradores de música erudita.
"O mais legal desse teatro é
que ele reúne quem realmente
gosta de música. Tem muita
gente metida a besta que acha
perigoso vir até a Barra Funda.
Não acho nada disso. É coisa de
quem não gosta de música",
disse Stanislaw Zmitrowicz, 27,
funcionário público. "Venho
aqui para vir ao Teatro São Pedro ou ao D-Edge (casa de música eletrônica underground)".
As amigas Rosa Escorel, 78, e
Célia Moura Campos, 79, moradoras respectivamente do
Brás e da avenida Angélica, já
se acostumaram com a cara de
susto dos amigos e familiares
quando falam que vão passar a
tarde na Barra Funda. "É só você falar Barra Funda que as pessoas se assustam", diverte-se
Célia. As duas lembram de
uma época em que a região era
chique. "Tomara que isso volte", torcem, sem muita convicção. Elas são freqüentadoras
tão assíduas do teatro que, ao
chegar no local, cumprimentam o bilheteiro.
A dona-de-casa Ester Gardel,
45, nunca foi ao Teatro São Pedro, mas é uma espécie de "especialista" no Memorial da
América Latina. Ela mora no
Jaraguá e deixa seu carro no estacionamento do memorial
sempre que vem ao centro da
cidade. "Quando tenho alguma
coisa para resolver no centro
passo por aqui. Vejo exposições e confiro a programação.
Vejo uma seção de cinema ou
aproveito o espaço amplo para
meus filhos brincarem. O melhor é que é de graça e perto de
todos os lugares por causa de linha de ônibus", diz.
Localizado na rua Adolfo
Gordo, na fronteira entre os
Campos Elíseos e a Barra Funda, o teatro estava tão cheio na
última quarta-feira que parecia
um Espaço Unibanco de Cinema em dia de mostra.
Os ingressos estavam esgotados para as três apresentações
que aconteciam ao mesmo
tempo nos local. A movimentação era por conta da 63ª Mostra do Teatro Escola Macunaíma. "Aqui é ótimo porque é
perto de tudo. A única coisa
que ainda falta é balada", disse
Carolina Mielle, fazendo coro
aos outros jovens que freqüentam o bairro.
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