São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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VIDA DE ARTISTA

Local foi reformado e desde o ano passado apresenta programação grátis às quartas-feiras

Teatro São Pedro exibe glamour da origem

DA COLUNISTA DA FOLHA

Em uma tarde de domingo, táxis e carros começam a estacionar na rua Barra Funda. De dentro deles, saem pessoas elegantes. A cena, que acontecia em 1916, quando o Teatro São Pedro foi inaugurado, é repetida hoje. O teatro foi reformado, ganhou uma nova sala em 2002 e, desde o ano passado, apresenta programação gratuita todas às quartas-feiras. A construção em estilo art nouveau faz com que uma tarde no meio dos galpões da Barra Funda pareça européia.
A localização do teatro, em uma rua que fica vazia durante os finais de semana, não assusta os freqüentadores, admiradores de música erudita.
"O mais legal desse teatro é que ele reúne quem realmente gosta de música. Tem muita gente metida a besta que acha perigoso vir até a Barra Funda. Não acho nada disso. É coisa de quem não gosta de música", disse Stanislaw Zmitrowicz, 27, funcionário público. "Venho aqui para vir ao Teatro São Pedro ou ao D-Edge (casa de música eletrônica underground)".
As amigas Rosa Escorel, 78, e Célia Moura Campos, 79, moradoras respectivamente do Brás e da avenida Angélica, já se acostumaram com a cara de susto dos amigos e familiares quando falam que vão passar a tarde na Barra Funda. "É só você falar Barra Funda que as pessoas se assustam", diverte-se Célia. As duas lembram de uma época em que a região era chique. "Tomara que isso volte", torcem, sem muita convicção. Elas são freqüentadoras tão assíduas do teatro que, ao chegar no local, cumprimentam o bilheteiro.
A dona-de-casa Ester Gardel, 45, nunca foi ao Teatro São Pedro, mas é uma espécie de "especialista" no Memorial da América Latina. Ela mora no Jaraguá e deixa seu carro no estacionamento do memorial sempre que vem ao centro da cidade. "Quando tenho alguma coisa para resolver no centro passo por aqui. Vejo exposições e confiro a programação. Vejo uma seção de cinema ou aproveito o espaço amplo para meus filhos brincarem. O melhor é que é de graça e perto de todos os lugares por causa de linha de ônibus", diz.
Localizado na rua Adolfo Gordo, na fronteira entre os Campos Elíseos e a Barra Funda, o teatro estava tão cheio na última quarta-feira que parecia um Espaço Unibanco de Cinema em dia de mostra.
Os ingressos estavam esgotados para as três apresentações que aconteciam ao mesmo tempo nos local. A movimentação era por conta da 63ª Mostra do Teatro Escola Macunaíma. "Aqui é ótimo porque é perto de tudo. A única coisa que ainda falta é balada", disse Carolina Mielle, fazendo coro aos outros jovens que freqüentam o bairro.


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