São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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Evangélicos criticam superficialidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Teólogos e professores de direito ouvidos pela Folha apontaram problemas no curso de formação de pastor oferecido pelo SBTe.
Segundo o teólogo Fernando Bortolleto Filho, diretor-executivo da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (Aste) -entidade que representa os seminários metodistas, luteranos, presbiterianos, batistas, entre outros-, um curso por correspondência e com duração de 90 dias não é capaz de formar de modo satisfatório um pastor.
Bortolleto citou os cursos oferecidos nos seminários protestantes históricos, onde aspirantes a pastor devem, antes de pregar, estudar teologia por, pelo menos, quatro anos, o que equivale a uma graduação no ensino superior.
O pastor da Igreja Evangélica Assembléia de Deus Anísio Batista Dantas afirmou que sua denominação não aceita nem reconhece o curso do SBTe. Dantas, além de pastor, leciona na escola que forma pastores para a Assembléia de Deus -a maior igreja protestante brasileira, com cerca de 8 milhões de seguidores, em 2000, segundo o IBGE. Ele afirma que para se tornar um líder religioso na Assembléia de Deus também deve-se fazer um curso de teologia por quatro anos.
A Igreja Universal do Reino de Deus também afirmou em nota não reconhecer a formação da SBTe. Segundo a igreja neopentecostal, é importante haver um treinamento prático.
A professora de direito administrativo da Universidade de São Paulo Odete Medauar disse que o oferecimento pelo SBTe de cursos com os nomes "bacharelado", "mestrado" e "doutorado" caracteriza uma violação ao direito do consumidor. "É propaganda enganosa. Quem se sentir prejudicado deve procurar o Procon."
Para o professor de direito público da USP Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto, a igreja que seguir os ditames do curso e, assim, adquirir as características de uma atividade mercantil (como a busca de maior retorno financeiro) tem que perder a imunidade tributária garantida pela Constituição. Marques Neto disse que se deve atentar para a igreja que explora a crendice popular com o fim de lucrar, o que configura crime de charlatanismo.


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