São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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SONHO FRUSTRADO

Sem fiéis e dinheiro, contador teve de fechar templo após dez meses

Nascimento e morte de uma igreja

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Abrir uma igreja é fácil, o problema é mantê-la. O contador Siegmund Beulke, 49, que o diga. Evangélico há seis anos (até os 43, era espírita), tentou, sem sucesso, emplacar o próprio templo no ano passado.
Escolheu o local -a garagem de sua casa, em Jundiaí (60 km de São Paulo)- e o nome: Igreja do Evangelho de Jesus.
Antes do empreendimento, decidiu se preparar. Pesquisou na internet e encomendou o "Curso de Formação de Pastor", do SBTe, e consultou alguns livros de teologia.
Depois que enviou à instituição as respostas ao questionário, recebeu o seu diploma e a sua carteirinha de pastor. Então, abandonou a Igreja do Evangelho Quadrangular, que freqüentava até então, e dedicou-se ao próprio templo.
Começou a pregar para cerca de 20 pessoas, na maior parte, moradores da vizinhança. Alguns meses depois, o número de fiéis aumentou: 30 freqüentavam assiduamente os cultos na garagem de sua casa.
Em dez meses, porém, a igreja fechou. Nos últimos cultos, só havia oito pessoas.
Com pouca gente, manter a igreja ficou difícil. "Como eu não condicionava a entrada do fiel ao pagamento do dízimo, quase ninguém pagava."
Beulke resolveu, então, que o melhor a fazer era abandonar o projeto. Hoje, procura uma casa menor para morar. Também avalia que pode ter se precipitado ao fundar o templo.
Ele afirma que o tempo em que pregou ali serviu para que descobrisse que sua interpretação da Bíblia era semelhante à dos adventistas. Por isso, decidiu batizar-se na Igreja Adventista do Sétimo Dia e já planeja ser pastor na nova religião.
Dono de uma consultoria de empresas chamada Susej (Jesus ao contrário), ele planeja parar de trabalhar quando ingressar no seminário adventista.
Até prestou o último vestibular para teologia na Universidade Adventista de São Paulo. O curso é reconhecido pelo Ministério da Educação e exigido para quem quer assumir o posto.
Enquanto aguarda o resultado, avalia: "O curso de formação de pastor que fiz por correspondência só me ensinou a administrar uma igreja."


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