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SONHO FRUSTRADO
Sem fiéis e dinheiro, contador teve de fechar templo após dez meses
Nascimento e morte de uma igreja
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Abrir uma igreja é fácil, o problema é mantê-la. O contador
Siegmund Beulke, 49, que o diga. Evangélico há seis anos (até
os 43, era espírita), tentou, sem
sucesso, emplacar o próprio
templo no ano passado.
Escolheu o local -a garagem
de sua casa, em Jundiaí (60 km
de São Paulo)- e o nome: Igreja do Evangelho de Jesus.
Antes do empreendimento,
decidiu se preparar. Pesquisou
na internet e encomendou o
"Curso de Formação de Pastor",
do SBTe, e consultou alguns livros de teologia.
Depois que enviou à instituição as respostas ao questionário, recebeu o seu diploma e a
sua carteirinha de pastor. Então,
abandonou a Igreja do Evangelho Quadrangular, que freqüentava até então, e dedicou-se ao
próprio templo.
Começou a pregar para cerca
de 20 pessoas, na maior parte,
moradores da vizinhança. Alguns meses depois, o número de
fiéis aumentou: 30 freqüentavam assiduamente os cultos na
garagem de sua casa.
Em dez meses, porém, a igreja
fechou. Nos últimos cultos, só
havia oito pessoas.
Com pouca gente, manter a
igreja ficou difícil. "Como eu
não condicionava a entrada do
fiel ao pagamento do dízimo,
quase ninguém pagava."
Beulke resolveu, então, que o
melhor a fazer era abandonar o
projeto. Hoje, procura uma casa
menor para morar. Também
avalia que pode ter se precipitado ao fundar o templo.
Ele afirma que o tempo em
que pregou ali serviu para que
descobrisse que sua interpretação da Bíblia era semelhante à
dos adventistas. Por isso, decidiu batizar-se na Igreja Adventista do Sétimo Dia e já planeja
ser pastor na nova religião.
Dono de uma consultoria de
empresas chamada Susej (Jesus
ao contrário), ele planeja parar
de trabalhar quando ingressar
no seminário adventista.
Até prestou o último vestibular para teologia na Universidade Adventista de São Paulo. O
curso é reconhecido pelo Ministério da Educação e exigido para
quem quer assumir o posto.
Enquanto aguarda o resultado, avalia: "O curso de formação
de pastor que fiz por correspondência só me ensinou a administrar uma igreja."
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