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SONHO FRUSTRADO
Isenção prometida não se concretizou, o que fez com que estudantes selecionados desistissem de cursos
Erro deixa brasileiros sem bolsa na Espanha
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Por mais de seis meses, 18 brasileiros passaram seus dias preenchendo formulários, fazendo provas e enviando projetos de trabalho para a Espanha. Agüentaram
a ansiedade até que, no dia 1º de
julho, viram seus nomes publicados no "Boletín Oficial Del Estado" (BOE -o diário oficial espanhol). Estavam aprovados para
cursos de pós-graduação em universidades hispânicas com direito
a mensalidades e passagem grátis,
além de ajuda de custo de 1.200
por mês e auxílio médico.
A alegria não durou muito. Ao
começarem a mandar a documentação para as instituições escolhidas, alguns descobriram que
não haveria a isenção da mensalidade. Teriam de desembolsar até
10 mil (hoje R$ 26.500) para pagar os cursos. Com desconto, sairia por 5.500 (R$ 14.600). Até
hoje, tentam resolver a situação.
Deveriam ter começado as aulas
há cerca de dois meses, mas não
conseguem respostas dos responsáveis sobre a confusão. Pior. Ficaram inconformados ao verem,
no mês passado, a abertura das
inscrições para novas bolsas em
2006 no site da Aeci, a Agencia Española de Cooperación Internacional (www.aeci.es).
Foi o que aconteceu com Roberto Lestinge, de São Paulo. Interessado em uma pós-graduação na
área de telejornalismo, ele passou
por todas as etapas e viu seu nome
no BOE. Imediatamente, enviou
os documentos solicitados e começou a se preparar para o início
das aulas, em outubro. No fim de
julho, quando entrou em contato
com a universidade que havia escolhido (Universidade de Barcelona), descobriu que o convênio
com o Grupo Tordesilhas não valia mais. "Disseram para eu escolher outro curso."
Lestinge optou por uma pós-graduação na Universidade de Salamanca e, mais uma vez, não deu
sorte. "Quando entrei em contato
com essa instituição, descobri que
ela não sabia que tinha de dar o
curso gratuitamente."
Enquanto tentava resolver o
problema, ele encontrou outros
colegas aprovados na mesma situação. Patrícia Limaverde, por
exemplo, também não embarcou
para a Espanha. Bióloga de Fortaleza, tinha escolhido um master
em plantas medicinais da Universidade de Salamanca. Só depois
soube que o curso era especialização, não pós-graduação.
Patrícia entrou em contato com
a Aeci, explicou que não tinha interesse por esse tipo de curso e
questionou se poderia mudar de
universidade. Não teve resposta.
"Passei e não fui para a Espanha
porque o curso que eu havia escolhido não foi ofertado."
Leonardo Spricigo da Conceição, formado em relações internacionais em Santa Catarina, teve
mais sorte. Apesar de ter passado
por alguns problemas durante a
inscrição, conseguiu fazer o curso
escolhido de graça. Desde 13 de
outubro, cursa um master em comércio internacional na Universidad Castilla la Mancha. "No processo de obtenção da bolsa, vários
e-mails ficaram sem resposta. Dei
sorte de ter dado tudo certo, mas a
confusão foi grande."
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