São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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SONHO FRUSTRADO

Isenção prometida não se concretizou, o que fez com que estudantes selecionados desistissem de cursos

Erro deixa brasileiros sem bolsa na Espanha

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Por mais de seis meses, 18 brasileiros passaram seus dias preenchendo formulários, fazendo provas e enviando projetos de trabalho para a Espanha. Agüentaram a ansiedade até que, no dia 1º de julho, viram seus nomes publicados no "Boletín Oficial Del Estado" (BOE -o diário oficial espanhol). Estavam aprovados para cursos de pós-graduação em universidades hispânicas com direito a mensalidades e passagem grátis, além de ajuda de custo de 1.200 por mês e auxílio médico.
A alegria não durou muito. Ao começarem a mandar a documentação para as instituições escolhidas, alguns descobriram que não haveria a isenção da mensalidade. Teriam de desembolsar até 10 mil (hoje R$ 26.500) para pagar os cursos. Com desconto, sairia por 5.500 (R$ 14.600). Até hoje, tentam resolver a situação.
Deveriam ter começado as aulas há cerca de dois meses, mas não conseguem respostas dos responsáveis sobre a confusão. Pior. Ficaram inconformados ao verem, no mês passado, a abertura das inscrições para novas bolsas em 2006 no site da Aeci, a Agencia Española de Cooperación Internacional (www.aeci.es).
Foi o que aconteceu com Roberto Lestinge, de São Paulo. Interessado em uma pós-graduação na área de telejornalismo, ele passou por todas as etapas e viu seu nome no BOE. Imediatamente, enviou os documentos solicitados e começou a se preparar para o início das aulas, em outubro. No fim de julho, quando entrou em contato com a universidade que havia escolhido (Universidade de Barcelona), descobriu que o convênio com o Grupo Tordesilhas não valia mais. "Disseram para eu escolher outro curso."
Lestinge optou por uma pós-graduação na Universidade de Salamanca e, mais uma vez, não deu sorte. "Quando entrei em contato com essa instituição, descobri que ela não sabia que tinha de dar o curso gratuitamente."
Enquanto tentava resolver o problema, ele encontrou outros colegas aprovados na mesma situação. Patrícia Limaverde, por exemplo, também não embarcou para a Espanha. Bióloga de Fortaleza, tinha escolhido um master em plantas medicinais da Universidade de Salamanca. Só depois soube que o curso era especialização, não pós-graduação.
Patrícia entrou em contato com a Aeci, explicou que não tinha interesse por esse tipo de curso e questionou se poderia mudar de universidade. Não teve resposta. "Passei e não fui para a Espanha porque o curso que eu havia escolhido não foi ofertado."
Leonardo Spricigo da Conceição, formado em relações internacionais em Santa Catarina, teve mais sorte. Apesar de ter passado por alguns problemas durante a inscrição, conseguiu fazer o curso escolhido de graça. Desde 13 de outubro, cursa um master em comércio internacional na Universidad Castilla la Mancha. "No processo de obtenção da bolsa, vários e-mails ficaram sem resposta. Dei sorte de ter dado tudo certo, mas a confusão foi grande."


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