|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PASSEI POR ISSO
Durante 17 anos fui tratado como epiléptico
Quando eu tinha 30 anos, fui pescar no riacho Grande, em São Bernardo, com dois amigos de trabalho. Apesar de o
tempo estar ruim, um
deles quis dar um mergulho e
não voltou mais. Ele ficou
enroscado em algumas madeiras e morreu. A cena marcou a
minha vida para sempre.
Logo depois disso os problemas começaram a aparecer. Comecei a ter crises de convulsão
constantemente e não sabia os
motivos. De repente eu tinha
convulsão: caía no chão, me batia todo e minha família ficava
desesperada porque eu não me
lembrava de nada.
Comecei o tratamento e o
diagnóstico era epilepsia e esclerose múltipla. Minha vida desabou. Eu perdi o emprego -fui
aposentado por invalidez- e
não consegui criar meus filhos.
As crises aconteciam todas as
semanas. Fiquei nove dias em
coma, na UTI. Como nada resolvia as minhas crises, os médicos
aumentavam cada vez mais as
doses dos medicamentos. Mesmo assim, nada mudava. Eu estava me entregando.
Um outro médico sugeriu que
eu fizesse um exame de monitorização contínua das crises no
Hospital das Clínicas, para descobrir se eu realmente tinha epilepsia. E eu não tinha. Durante
17 anos fui tratado como paciente epiléptico e constataram que o
meu problema era psicológico.
Passei a fazer terapia uma vez
por semana para saber a origem
do problema. E descobri que o
motivo das crises era a morte do
meu amigo. Desde então minha
vida mudou muito. Sofri demais, pensei que fosse morrer.
Texto Anterior: Perguntas e respostas Próximo Texto: Plantão médico: Antibióticos são vendidos sem receita Índice
|