São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PASSEI POR ISSO

Durante 17 anos fui tratado como epiléptico

Quando eu tinha 30 anos, fui pescar no riacho Grande, em São Bernardo, com dois amigos de trabalho. Apesar de o tempo estar ruim, um deles quis dar um mergulho e não voltou mais. Ele ficou enroscado em algumas madeiras e morreu. A cena marcou a minha vida para sempre.
Logo depois disso os problemas começaram a aparecer. Comecei a ter crises de convulsão constantemente e não sabia os motivos. De repente eu tinha convulsão: caía no chão, me batia todo e minha família ficava desesperada porque eu não me lembrava de nada.
Comecei o tratamento e o diagnóstico era epilepsia e esclerose múltipla. Minha vida desabou. Eu perdi o emprego -fui aposentado por invalidez- e não consegui criar meus filhos.
As crises aconteciam todas as semanas. Fiquei nove dias em coma, na UTI. Como nada resolvia as minhas crises, os médicos aumentavam cada vez mais as doses dos medicamentos. Mesmo assim, nada mudava. Eu estava me entregando.
Um outro médico sugeriu que eu fizesse um exame de monitorização contínua das crises no Hospital das Clínicas, para descobrir se eu realmente tinha epilepsia. E eu não tinha. Durante 17 anos fui tratado como paciente epiléptico e constataram que o meu problema era psicológico.
Passei a fazer terapia uma vez por semana para saber a origem do problema. E descobri que o motivo das crises era a morte do meu amigo. Desde então minha vida mudou muito. Sofri demais, pensei que fosse morrer.


Texto Anterior: Perguntas e respostas
Próximo Texto: Plantão médico: Antibióticos são vendidos sem receita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.