São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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PLANTÃO MÉDICO

Antibióticos são vendidos sem receita

JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

A facilidade em comprar remédio sem receita médica na maioria das farmácias brasileiras é alarmante. Em alguns casos, o próprio balconista acaba indicando o medicamento para o doente, como assinala pesquisa realizada sobre compra de antibióticos.
Dalton Espíndola Volpato, do Hospital São José, em Joinville, Santa Catarina, e colaboradores (Bárbara V. Souza, Luana G. D. Rosa, Luiz H. Melo, Carlos A. S. Daudt e Luciane Deboni) referem na revista "Brazilian Journal of Infectious Diseases" (2005;9:288-291,2005) que antibióticos são oferecidos em 58% das farmácias da cidade, passando a 74% se o comprador insistir em comprar o remédio sem receita.
Os autores simularam a presença de rinossinusite aguda (processo inflamatório da mucosa sinusal e nasal, freqüente na população adulta e infantil), em pseudoportadores (estudantes de medicina), para determinar o percentual de farmácias locais que vendiam antibióticos sem prescrição médica. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a venda de remédios sem receita médica.
Os estudantes foram atendidos por farmacêuticos em mais da metade das farmácias da cidade (65,4%). Em 84,2% das farmácias onde foram atendidos por farmacêuticos, poderiam ter comprado o antibiótico oferecido (foi dada a desculpa de não dispor de dinheiro no momento).
Por outro lado, uma freqüente recusa em vender o antibiótico sem indicação médica (47% das farmácias), foi porque o atendente considerou-o desnecessário para tratar o problema apresentado.
Os antibióticos adquiridos nas farmácias sem a apresentação da prescrição médica foram os seguintes: amoxicilina (74,3%), azitromicina (9,6%), trimetoprima-sulfametoxazol (8,1%), cefalexina (3,2%), eritromicina (3,2%) e ampicilina (1,6%).
Segundo os especialistas, o uso inapropriado de antibióticos com freqüência cria problemas relacionados a organismos resistentes aos antibióticos.

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