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Publicidade ilegal invade o litoral norte
Empresas distribuem guarda-sóis a donos de quiosque, que os espalham pela praia; ações não têm aval da União, responsável pela orla
Em Maresias, Pepsi doou carrinhos de bebida a vendedores e manteve exclusividade da venda
de seus produtos
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Guarda-sóis espalhados pela praia de Maresias, no litoral norte de São Paulo, onde grandes empresas disputam espaço com publicidade e outras ações promocionais
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DANILO VERPA
ENVIADOS ESPECIAIS AO LITORAL NORTE
DE SÃO PAULO
Camburi e Maresias, duas
das mais charmosas praias da
costa sul de São Sebastião (litoral de SP), foram invadidas por
um mar de guarda-sóis, mas
nada que lembre o multicolorido de outros tempos. São dezenas de marcas, de cervejas, cartões de crédito e biscoitos, que
competem, sem controle algum, por um lugar na praia. E
sem pagar nada por isso.
Além dos guarda-sóis, que
são distribuídos aos donos de
quiosques, que as espalham pela praia, o turista ainda enfrenta outro tipo de competição.
Em Maresias, por exemplo, é
impossível comprar a marca de
refrigerantes mais conhecida
do mundo. Isso porque a Pepsi
forneceu carrinhos de bebidas
de graça aos vendedores. Com
isso, manteve a exclusividade.
A publicidade ilegal se repete
pelas principais praias do litoral norte e está na mira da SPU
(Secretaria do Patrimônio da
União), órgão federal que controla o que pertence ao governo. Por lei, a orla de todo o país
é da União, que deve regular sobre o uso do espaço. Como essas ações de marketing não têm
aval do governo federal, estão
todas ilegais.
Já existem projetos pilotos
em Ubatuba, e o mesmo vai
acontecer em Ilhabela, segundo o superintendente substituto da SPU em São Paulo, Raphael Santos. Se bem sucedidas, as experiências servirão de
modelo para outras áreas.
Em Ubatuba, cidade com
quase cem praias, o trabalho
mais visível foi a retirada de
quiosques da areia.
Negociação
Enquanto o órgão do governo federal não define o que fazer para coibir os abusos no litoral norte, os publicitários comemoram os lucros.
A Folha pesquisou o custo
de, por exemplo, encher uma
praia com cem guarda-sóis:
cerca de R$ 5.500, com produtos de primeira linha de uma
empresa de Botucatu (SP).
Não se compra quase nada
no mercado publicitário com
esse dinheiro, diz Luiz Rodovalho, presidente do núcleo paulista do Sepex, sindicato que
reúne as empresas de mídia exterior em São Paulo.
Ele mesmo, um forte lobista
em favor do setor, conta como
acontecem as negociações que
fazem com que as praias estejam tomadas de publicidade.
"O cara [dono do bar ou quiosque] tem direito a colocar 30
mesas, mas [como ganham o
material em troca da venda exclusiva de uma marca de cerveja, por exemplo, põe 60, 70. Ganha mais com isso", diz.
Sem querer ter o nome divulgado, um quiosqueiro de Boiçucanga diz que os produtos
fornecidos pelas empresas fornecedoras (caixas de cerveja,
mesas e até um auxílio-manutenção) garantem um extra que
ajuda a manter o comércio, que
depende muito da sazonalidade e das condições do clima.
"Eles dão descontos, uma ajuda, pagam mesa. Compensa."
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