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Edifício se desloca e vizinhos saem às pressas
Prédio comercial se movimenta 4 cm e causa estrondo em apartamentos vizinhos
O descolamento foi causado por uma movimentação do solo que pode ter sido provocada por uma obra em terreno ao lado dos prédios
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores de um edifício na
Barra Funda (zona oeste de São
Paulo) tiveram que deixar seus
apartamentos às pressas na
noite de anteontem, com medo
de que o prédio desabasse. Um
edifício comercial, colado a ele,
se desgrudou, abrindo uma fenda e causando estrondos, queda
de reboco e vidros quebrados.
O descolamento foi causado
por uma movimentação do solo
que pode ter sido provocada
pela construção de um prédio
no terreno ao lado, segundo
dois engenheiros ouvidos pela
Folha. A obra, uma torre de 28
andares com 168 apartamentos
residenciais, é da Gattaz Engenharia. Ela começou em abril
de 2009 e deve terminar em
abril de 2011. Todos os apartamentos já foram vendidos.
Os dois edifícios ficarão interditados pela Defesa Civil por
ao menos mais três dias. Os
moradores foram para hotéis,
pagos pela Gattaz, que também
reforçará a fundação do prédio
comercial para evitar novos
deslocamentos. No edifício em
construção, no entanto, as
obras não foram paralisadas.
Segundo relatos de moradores, os estrondos começaram
por volta das 23h de anteontem. A Defesa Civil disse que
uma fenda de 2,5 cm se abriu
entre os prédios. Após dois novos estrondos na madrugada, o
espaço aumentou para 4 cm.
Assustadas, quando ouviram
os primeiros ruídos muitas pessoas correram para fora do prédio ainda de pijamas.
"Estava deitada e ouvi um estrondo muito grande. Depois
vimos o tumulto, todo mundo
nervoso", conta a fotógrafa Ana
Claudia Pacheco, 38. Ela é um
dos 130 moradores do edifício
construído há 36 anos no número 225 da rua Tagipuru.
Outros, que já dormiam, não
perceberam a movimentação e
só saíram depois da chegada
dos bombeiros. "Estava na cama e ouvi o interfone tocar, não
atendi. Pensei: "Isso lá é hora de
tocar o interfone?'", contou a
aposentada Sarah Obeid, 61.
"Ele voltou a tocar e fui ver. Era
o porteiro pedindo para sair."
Como muitos vizinhos, ela
passou a madrugada na calçada, à espera de autorização para
voltar para casa. "Fui ali na rua
onde os mendigos dormem e
pedi um pedaço de colchão. Foi
onde passei a noite", dizia, em
tom jocoso, o assistente administrativo Renato Ribas, 53.
O aval da Defesa Civil só chegou pela manhã, quando os moradores tiveram cinco minutos
para pegar objetos pessoais.
Retiraram roupas, documentos, fotos da família e uma calopsita. "Não sei quanto tempo
vamos ter que ficar fora", dizia
Mônica Tagliavini, 40, mãe de
gêmeos de 3 anos, enquanto levava a gaiola com o pássaro.
Por volta das 10h, houve bate-boca no prédio comercial,
onde usuários de apenas dois
andares por vez podiam entrar
para retirar objetos. Ao verem
pessoas carregando impressoras, computadores e arquivos,
os que esperavam reclamaram.
Apesar da interdição dos prédios, a prefeitura diz que não há
risco iminente de desabamentos. Os engenheiros Miriana
Marques, do Instituto de Engenharia, e Milton Golombek, especialista em fundações, que
afirmam que a obra pode ter
causado o deslocamento, concordam. A saída dos moradores
foi feita por precaução.
Colaborou EVANDRO SPINELLI, da Reportagem
Local
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