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EDUCAÇÃO
Documento mostra que alunos brasileiros chegam ao ensino médio após 10,2 anos e 74% terminam esse estágio
Só 59% concluem o ensino fundamental
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o governo fala em
acabar com o analfabetismo no
Brasil em quatro anos e construir
a escola ideal, o retrato atual do
ensino no país mostra outros problemas de difícil superação: 41%
dos estudantes não terminam a
educação fundamental (da 1ª à 8ª
série); 39% dos que estão nessa fase têm idade superior à adequada
-os alunos que conseguem chegar ao ensino médio o fazem em
10,2 anos em média.
Os estudantes ficam apenas 4,3
horas por dia em sala de aula, com
professores que ganham, em média, R$ 530 mensais, sendo que
quase a metade deles (46,7%) tem
formação de nível médio.
Esse é o quadro mostrado no
documento "Geografia da Educação Brasileira 2001", feito pelo
Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) no
ano passado, na gestão Fernando
Henrique Cardoso, e divulgado
ontem. O relatório se refere a dados que vão até 2001 e reúne informações que tratam da infra-estrutura das escolas ao desempenho dos alunos.
Em relação à repetência, os dados apontam que 21,7% dos alunos do ensino fundamental estavam matriculados na mesma série do ano anterior.
Com uma linha de análise que
especialistas do PT utilizavam para criticar o governo anterior, o
atual presidente do Inep, Otaviano Helene, disse que o retrato da
educação brasileira é alarmante e
demonstra o atraso escolar em todos os níveis. "A situação é incompatível com as possibilidades
econômicas que o Brasil tem."
Para explicar os dados que considera alarmantes, Helene diz que
são resultado da falta de qualidade da escola pública, de professores mal preparados e mal remunerados e também do custo induzido da escola, ou seja, o que a família gasta para manter o aluno
com alimentação, material etc.
Para Helene, a evolução dos índices educacionais nos últimos
anos ficou abaixo do necessário.
"Precisamos melhorar as taxas
além do que melhoraram."
Apesar de a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou
mais ter caído de 25,4% em 1980
para 13,6% em 2000, esse percentual representa 16 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever um bilhete. O documento afirma: "É necessário concentrar esforços na erradicação do analfabetismo para grupos de jovens.
Trata-se de uma diretriz inadiável, com o sentido de promover a
inclusão social".
A situação de alunos do ensino
médio não é diferente: de cada 100
que ingressam nessa fase, 26 não
conseguem terminar. Se considerada a distorção idade/série,
53,3% deles não têm idade adequada à série que cursavam.
Essa distorção é apontada como
um dos principais problemas da
educação brasileira. Avaliações
mostram que alunos em atraso
escolar têm desempenho inferior
aos que estão em séries próprias à
idade. A distorção idade-série
também é um elemento da desigualdade regional.
No Norte e no Nordeste, 52,9%
e 57,1%, respectivamente, dos estudantes do ensino fundamental
estão com idade acima da apropriada para a série. No Sudeste, o
percentual é de 24%; no Sul, de
21,6%; no Centro-Oeste, de 38%.
Leia mais sobre o estudo no site do Inep:
www.inep.gov.br
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