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São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2003

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EDUCAÇÃO

Documento mostra que alunos brasileiros chegam ao ensino médio após 10,2 anos e 74% terminam esse estágio

Só 59% concluem o ensino fundamental

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto o governo fala em acabar com o analfabetismo no Brasil em quatro anos e construir a escola ideal, o retrato atual do ensino no país mostra outros problemas de difícil superação: 41% dos estudantes não terminam a educação fundamental (da 1ª à 8ª série); 39% dos que estão nessa fase têm idade superior à adequada -os alunos que conseguem chegar ao ensino médio o fazem em 10,2 anos em média.
Os estudantes ficam apenas 4,3 horas por dia em sala de aula, com professores que ganham, em média, R$ 530 mensais, sendo que quase a metade deles (46,7%) tem formação de nível médio.
Esse é o quadro mostrado no documento "Geografia da Educação Brasileira 2001", feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) no ano passado, na gestão Fernando Henrique Cardoso, e divulgado ontem. O relatório se refere a dados que vão até 2001 e reúne informações que tratam da infra-estrutura das escolas ao desempenho dos alunos.
Em relação à repetência, os dados apontam que 21,7% dos alunos do ensino fundamental estavam matriculados na mesma série do ano anterior.
Com uma linha de análise que especialistas do PT utilizavam para criticar o governo anterior, o atual presidente do Inep, Otaviano Helene, disse que o retrato da educação brasileira é alarmante e demonstra o atraso escolar em todos os níveis. "A situação é incompatível com as possibilidades econômicas que o Brasil tem."
Para explicar os dados que considera alarmantes, Helene diz que são resultado da falta de qualidade da escola pública, de professores mal preparados e mal remunerados e também do custo induzido da escola, ou seja, o que a família gasta para manter o aluno com alimentação, material etc.
Para Helene, a evolução dos índices educacionais nos últimos anos ficou abaixo do necessário. "Precisamos melhorar as taxas além do que melhoraram."
Apesar de a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais ter caído de 25,4% em 1980 para 13,6% em 2000, esse percentual representa 16 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever um bilhete. O documento afirma: "É necessário concentrar esforços na erradicação do analfabetismo para grupos de jovens. Trata-se de uma diretriz inadiável, com o sentido de promover a inclusão social".
A situação de alunos do ensino médio não é diferente: de cada 100 que ingressam nessa fase, 26 não conseguem terminar. Se considerada a distorção idade/série, 53,3% deles não têm idade adequada à série que cursavam.
Essa distorção é apontada como um dos principais problemas da educação brasileira. Avaliações mostram que alunos em atraso escolar têm desempenho inferior aos que estão em séries próprias à idade. A distorção idade-série também é um elemento da desigualdade regional.
No Norte e no Nordeste, 52,9% e 57,1%, respectivamente, dos estudantes do ensino fundamental estão com idade acima da apropriada para a série. No Sudeste, o percentual é de 24%; no Sul, de 21,6%; no Centro-Oeste, de 38%.


Leia mais sobre o estudo no site do Inep: www.inep.gov.br


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