São Paulo, sábado, 12 de março de 2005

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Costa diz que Lula tomou decisão

LUCIANA CONSTANTINO
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após o governo Lula ter decretado intervenção em hospitais da cidade do Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Humberto Costa, fez ontem à noite um pronunciamento em emissoras de rádio e televisão para dizer que a "situação chegou a um ponto insustentável, um caos" e falar do "estado de abandono e calamidade".
Deixou claro que a decisão foi do presidente. Nos quatro minutos de pronunciamento, Costa disse que o ministério chegou a propor elevar em R$ 139 milhões a verba que repassa à prefeitura, mas houve recusa, tornando "impossível uma solução rápida".
A intervenção foi decidida pela cúpula do governo sem consulta ao ministro, que foi apenas informado, anteontem. Costa encabeça a lista de petistas que deixarão o governo na reforma ministerial em estudo. A intenção de Lula hoje é tirá-lo após o final dessa crise.
Os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda) almoçaram com o presidente anteontem e indicaram a intervenção por avaliar que o prefeito do Rio e presidenciável do PFL, Cesar Maia, estava ganhando a guerra na mídia contra Costa -passava a imagem de que o governo federal relutava em ajudar.
Costa resistia desde o início da semana à intervenção ou à retirada da gestão de repasses federais da prefeitura por considerar que não resolveria o problema. Só aceitou a intervenção porque foi decisão de Lula e vendeu a versão de que fez o pedido ao presidente.
A decisão levou Costa a cancelar de última hora sua participação em um encontro e uma viagem.
Na avaliação de Lula, Palocci e Dirceu, a intervenção mostraria força e autoridade do governo. Havia temor de mortes por falta de atendimento e o conseqüente desgaste da gestão Lula. Um ministro classificou a crise de muito grave e disse que Costa não estava conduzindo bem o assunto.


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