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Ministro culpa Maia por crise; prefeito ameniza críticas
FABIANE LEITE
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
Ao anunciar ontem a instalação
de uma "operação de guerra" e
um "gabinete de crise" no Rio, o
ministro da Saúde, Humberto
Costa, acusou o prefeito Cesar
Maia (PFL) de "insensibilidade" e
de "criar factóide".
Maia, que já havia afirmado que
o governo federal aplicava um
"calote" no Rio, baixou ontem o
tom da crítica. Ele saudou a intervenção como "um ato absolutamente necessário" e uma "grande
vitória" da prefeitura. Para ele, o
presidente Lula "acertou na mosca" com as medidas, que, segundo o prefeito, eram o que ele pedia
-a volta dos hospitais à União.
O ministro atacou. "Estava claro
que o desejo não era de negociar,
mas de criar factóide político. Era
o desejo de negociar politicamente a saúde da população da cidade. Não nos restava alternativa a
não ser assumir a nossa responsabilidade de evitar a insensibilidade humana a que nós assistimos,
feita por parte do prefeito desta cidade", afirmou Costa ao explicar
os motivos para intervir em hospitais e retirar verbas da administração da prefeitura.
As medidas foram deflagradas
depois do estado de calamidade,
decretado por Lula anteontem.
O governo federal ainda irá informar à Justiça que Maia abandonou a rede. E pedirá o cumprimento da liminar que determinava que o município aplicasse R$ 1
milhão diário na saúde se o abandono acontecesse.
A Folha apurou que o ministério tem um relatório preliminar
que aponta que o prefeito não
cumpriu a determinação constitucional de gastar 15% das receitas próprias em saúde em 2004,
atingindo apenas 10%. Se isso for
confirmado, permitirá outras
ações judiciais. O prefeito tem dito que gastou mais, 18%.
Para Maia, as críticas de Costa
fazem "parte do jogo da comunicação" e o decreto de calamidade
é uma "coreografia jurídica".
As relações entre o Planalto e o
prefeito do Rio já foram melhores. Maia se aproximou do governo e do PT durante a campanha
do ano passado. Após a eleição,
ele passou a ser indicado como
provável candidato à Presidência.
Neste ano, passou a culpar o governo federal pela crise da saúde.
O prefeito afirmou ontem que
os impasses com o ministério são
"um caso isolado". Disse também
torcer pelo sucesso de Lula na
"empreitada" da intervenção.
Questionado sobre o impacto
da crise na sua possível candidatura à Presidência, desconversou:
"Candidatura é uma eventualidade; prefeitura é uma certeza".
Humberto Costa está cotado
para cair na reforma ministerial.
Ontem ele negou que isso tenha a
ver com a intervenção -que seria
uma demonstração de força.
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