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DESABAMENTO
Segundo defesa do deputado, gravações não foram feitas quando ele estava no exercício de seu mandato
Naya usa regimento para evitar cassação
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
O deputado Sérgio Naya (sem
partido-MG) usou de uma interpretação regimental para tentar
fugir da cassação de seu mandato.
A defesa escrita de Naya foi entregue ontem à CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) pelo seu
advogado, Daniel Azevedo.
A defesa do deputado argumenta que as declarações gravadas, em
que o deputado confessa ter cometido irregularidades, não foram
feitas em reunião oficial, mas em
situação informal.
O depoimento de Naya está marcado para hoje, às 10h. Até ontem
à noite, Naya não havia confirmado sua presença. A comissão não
tem poderes para obrigar a presença do parlamentar. O convite
foi entregue ontem ao advogado
do deputado.
"O aspecto básico é que o deputado Sérgio Naya não estava no
desempenho de funções de seu
mandato", afirmou Azevedo, após
entregar a defesa do deputado.
Para a defesa, o decoro parlamentar se restringe às dependências do Congresso ou a missão oficial.
O regimento interno da Câmara
trata de forma mais global a amplitude do decoro parlamentar.
Em um de seus incisos, o regimento classifica como falta de decoro
"a prática de irregularidades graves no desempenho do mandato
ou de encargos dele decorrentes".
Para a Mesa da Câmara, Naya estava no desempenho de encargos
decorrentes de seu mandato porque se tratava de uma reunião política. Além disso, o deputado estava se referindo nas gravações a
atos que executou no exercício do
mandato, como o de transferir
uma draga de cidade.
Para a Mesa, Naya feriu também
outro inciso do artigo que trata de
decoro parlamentar: "abuso de
prerrogativas constitucionais asseguradas a membro do Congresso Nacional".
No documento entregue à CCJ, a
defesa argumenta também que o
deputado disse palavras da "boca
para fora", por vaidade.
"Ele pensou alto, sem consequências maiores. As opiniões
eram como pensamentos falados.
O pensamento não gera punição,
não gera crime", disse Azevedo.
"Aquela reunião de Três Pontas
(MG), genuinamente, é como se
companheiros estivessem detrás
das muralhas de quintal, protegidos no recesso da residência, onde
o cinegrafista amador foi intruso",
afirma o documento escrito.
A defesa vai além, o documento
critica a posição do presidente da
Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), por ele não ter proposto punição para o cinegrafista
amador. Segundo o advogado, o
autor do vídeo violou a intimidade
e a vida privada de Naya.
O pedido de cassação de Naya foi
feito com base nas declarações do
deputado durante reunião com
vereadores na Câmara Municipal
de Três Pontas e com costureiras
de uma cooperativa falida. Segundo o advogado, a fita original com
toda a gravação das reuniões foi
entregue como peça de defesa.
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