São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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VIOLÊNCIA

Polícia já investigava possível elo entre quadrilhas

Mandante da morte de Celso Daniel viu preso ser assassinado no CDP

DA REPORTAGEM LOCAL

O sequestrador e assaltante José Edson da Silva, que confessou ser o mandante da morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), estava no parlatório do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém anteontem e assistiu à morte do preso Dionizio de Aquino Severo a golpes de estilete por um grupo de detentos.
A informação, só confirmada ontem pela Secretaria da Administração Penitenciária, é mais um item na investigação policial sobre uma possível ligação entre as duas quadrilhas: a de Severo, que o resgatou de helicóptero de um presídio em Guarulhos no dia 17 de janeiro, e a de Silva, que sequestrou Daniel no dia seguinte.
Severo estava com sua advogada, Maura Marques, no parlatório do CDP -sala destinada ao contato entre presos e advogados- quando um grupo de detentos invadiu o local.
Silva também estava no parlatório, mas já tinha falado com seu advogado e estaria esperando ser levado para a cela, segundo informação inicial da Secretaria da Administração Penitenciária.
Recapturado na semana passada, em Marechal Deodoro (28 km de Maceió), Severo foi questionado em São Paulo se sabia sobre uma possível ligação entre as duas quadrilhas, mas ele disse à polícia que só falaria sobre esse assunto na Justiça.
Severo sabia que ia ser morto. Segundo Maura, quando ouviram barulho da correria de presos fora do parlatório, ele disse: "Não saia daqui. Isso é contra mim. Eles vão me matar".
Maura disse viu um grupo de quatro presos entrar pela porta atrás de Severo e se jogou no chão. "Quando levantei, o preso -Silva- me disse que os outros detentos tinham matado meu cliente", disse a advogada.
Maura afirmou que ela e Severo não conversaram com Silva no parlatório. Ela também disse desconhecer o motivo da morte de seu cliente.
A assessoria da Secretaria da Administração Penitenciária informou que uma sindicância aponta o envolvimento de oito presos, mas nem todos teriam participado do assassinato.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo emitiu ontem uma nota oficial criticando o governo pela falta de segurança dos advogados nos DPs e penitenciárias. (GILMAR PENTEADO)


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