São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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EDUCAÇÃO MEC

MEC alega que não há recursos para expansão

Bolsa-Escola deixa de atender 2,3 milhões de crianças carentes

ELIANE MENDONÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por falta de recursos, cerca de 2,3 milhões de crianças carentes que se enquadram nos pré-requisitos do Bolsa-Escola do governo federal não têm previsão de serem beneficiadas pelo programa.
Essas crianças, de famílias com renda per capita de até R$ 90, têm entre 6 e 15 anos e estão matriculadas no ensino fundamental.
A afirmação foi feita ontem pelo secretário nacional do Bolsa-Escola, Floriano Pesaro, durante divulgação do balanço de um ano de vigência do programa. A lei 10.219, que instituiu o projeto assistencial, foi sancionada no dia 11 de abril do ano passado.
Segundo o secretário, a falta de recursos impede que o governo atenda mais crianças além das 8,4 milhões beneficiadas atualmente. De acordo com dados do Ministério da Educação, existem no país 10,7 milhões de crianças que poderiam ser atendidas.
Atualmente, o Bolsa-Escola é mantido com recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, em vigor até 2010, que destina R$ 2 bilhões por ano para que o Ministério da Educação mantenha o programa. A principal fonte de financiamento é a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), cuja cobrança termina dia 16 de junho, caso o Congresso Nacional não aprove a prorrogação.
Hoje o Bolsa-Escola atinge 4,9 milhões de famílias em 5.506 municípios de todo o país, e MEC tem uma equipe de apenas 30 agentes para fazer a fiscalização.
Pesaro disse não considerar que o número de fiscais seja pequeno e precise ser ampliado. "O controle direto pela seleção e cadastramento das famílias é de cada município. Não adiantaria disponibilizarmos uma equipe de 200 fiscais. Isso só geraria mais gastos."
Segundo ele, os agentes de fiscalização visitam as cidades mediante denúncias -nove, desde a implantação do programa-, além de visitas aleatórias.

Fraude
Em apenas um caso, segundo Pesaro, na cidade de Carneiros (AL), a equipe comprovou uma denúncia recebida -de irregularidades no cadastramento- e chegou a suspender o programa até que o prefeito regularizasse a situação. O secretário reafirmou, porém, que não compete ao governo federal a fiscalização da aplicação do dinheiro.
"Tomamos o cuidado em colocar o benefício, preferencialmente, no nome das mães, porque ninguém melhor do que elas para saberem qual a melhor destinação da verba", disse.
No mês passado, a Polícia Civil flagrou, na cidade de Barretos (424 km de SP), uma clínica clandestina de abortos que aceitava, como pagamento, o cartão do Bolsa-Escola. Na ocasião, a mãe das crianças, que fez o aborto, diz ter deixado o cartão porque o aborto teria sido a única forma encontrada para que não precisasse sustentar mais uma criança.



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