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EDUCAÇÃO MEC
MEC alega que não há recursos para expansão
Bolsa-Escola deixa de atender 2,3 milhões de crianças carentes
ELIANE MENDONÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por falta de recursos, cerca de
2,3 milhões de crianças carentes
que se enquadram nos pré-requisitos do Bolsa-Escola do governo
federal não têm previsão de serem
beneficiadas pelo programa.
Essas crianças, de famílias com
renda per capita de até R$ 90, têm
entre 6 e 15 anos e estão matriculadas no ensino fundamental.
A afirmação foi feita ontem pelo
secretário nacional do Bolsa-Escola, Floriano Pesaro, durante divulgação do balanço de um ano
de vigência do programa. A lei
10.219, que instituiu o projeto assistencial, foi sancionada no dia 11
de abril do ano passado.
Segundo o secretário, a falta de
recursos impede que o governo
atenda mais crianças além das 8,4
milhões beneficiadas atualmente.
De acordo com dados do Ministério da Educação, existem no país
10,7 milhões de crianças que poderiam ser atendidas.
Atualmente, o Bolsa-Escola é
mantido com recursos do Fundo
de Combate e Erradicação da Pobreza, em vigor até 2010, que destina R$ 2 bilhões por ano para que
o Ministério da Educação mantenha o programa. A principal fonte
de financiamento é a CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira), cuja
cobrança termina dia 16 de junho,
caso o Congresso Nacional não
aprove a prorrogação.
Hoje o Bolsa-Escola atinge 4,9
milhões de famílias em 5.506 municípios de todo o país, e MEC
tem uma equipe de apenas 30
agentes para fazer a fiscalização.
Pesaro disse não considerar que
o número de fiscais seja pequeno
e precise ser ampliado. "O controle direto pela seleção e cadastramento das famílias é de cada município. Não adiantaria disponibilizarmos uma equipe de 200 fiscais. Isso só geraria mais gastos."
Segundo ele, os agentes de fiscalização visitam as cidades mediante denúncias -nove, desde a
implantação do programa-,
além de visitas aleatórias.
Fraude
Em apenas um caso, segundo
Pesaro, na cidade de Carneiros
(AL), a equipe comprovou uma
denúncia recebida -de irregularidades no cadastramento- e
chegou a suspender o programa
até que o prefeito regularizasse a
situação. O secretário reafirmou,
porém, que não compete ao governo federal a fiscalização da
aplicação do dinheiro.
"Tomamos o cuidado em colocar o benefício, preferencialmente, no nome das mães, porque ninguém melhor do que elas para
saberem qual a melhor destinação da verba", disse.
No mês passado, a Polícia Civil
flagrou, na cidade de Barretos (424 km de SP), uma clínica clandestina de abortos que aceitava, como pagamento, o cartão do Bolsa-Escola. Na ocasião, a mãe das crianças, que fez o aborto, diz ter deixado o cartão porque o aborto teria sido a única forma encontrada para que não precisasse sustentar mais uma criança.
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