São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

URBANISMO

Aprovado pelo Condephaat, projeto de reforma da sede da instituição é rejeitado pela Secretaria da Cultura

Faap insiste em ampliar campus, apesar de veto do governo

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Faap insistirá no projeto de ampliação de seu campus, no Pacaembu, centro da cidade, apesar das resistências de moradores do bairro e do governo. A resolução da Secretaria de Estado da Cultura que derruba a autorização para a reforma deve ser publicada hoje no "Diário Oficial". A direção da instituição afirma que o processo teve condução política.
A Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) tenta ampliar seu campus há quatro anos. Proprietária das casas que ficam nos fundos do terreno onde está localizada, a instituição quer construir estacionamento para 1.100 vagas e três prédios no local. O mais alto teria oito andares (28 metros).
No entanto o terreno fica dentro do perímetro tombado como patrimônio histórico e ambiental pelo Estado e pelo município, onde qualquer obra depende de autorização do Condephaat (conselho que cuida do patrimônio histórico do Estado). Há três anos, a Faap apresentou o pedido de reforma, que foi aprovado em 2001.
Em seguida, houve pressão dos moradores, que temiam a descaracterização do bairro, e o secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça, determinou a suspensão da reforma. Hoje a autorização para as obras será revogada.
O anúncio da derrota da Faap foi feito na terça-feira, na festa de aniversário do bairro, realizada pelo movimento Viva Pacaembu por São Paulo, uma das três associações que defendem a região. A notícia foi dada pelo presidente da Assembléia Legislativa, Walter Feldman (PSDB), três dias antes de Mendonça publicar a decisão.
"De alguma maneira, por pressão de setores da sociedade, representantes políticos pressionaram um órgão técnico e deixaram de fazer valer uma resolução que era técnica", afirma Silvio Passarelli, diretor da Faculdade de Artes Plásticas, encarregado do caso.
"Como uma instituição de ensino tradicional, a Faap não pode nem quer brigar com os moradores do bairro", diz.
Antes de revogar a autorização, Mendonça montou comissão para estudar a reforma. Nenhum membro da Faap foi admitido no grupo, formado por dois técnicos da prefeitura, dois membros do Condephaat e dois moradores.
As três associações de moradores do Pacaembu são ligadas ao Defenda São Paulo, organização que congrega a maioria das sociedades de amigos de bairro da cidade. Segundo Regina Monteiro, presidente da entidade, antes da mobilização, os moradores tentaram negociar com a Faap. O número de vagas do estacionamento era uma das razões da discórdia.
Os moradores achavam que 1.600 vagas (soma das atuais com as planejadas) seriam insuficientes para os 8.000 alunos. Além disso, como haveria cobrança pelo estacionamento, eles temiam que os estudantes continuassem parando na rua.
Os presidentes das três associações não chegaram a um consenso sobre as propostas para resolver o problema. Uma das sugestões era obrigar a Faap a criar um sistema alternativo de transporte coletivo para os alunos.



Texto Anterior: Orçamento Participativo será ampliado
Próximo Texto: Outro lado: Secretário diz que faltou entendimento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.