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SEGURANÇA
O "comendador" Arcanjo é acusado de homicídios, lavagem de dinheiro, contrabando etc.
Uruguai prende líder do crime de MT
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O "comendador" João Arcanjo
Ribeiro, 51, acusado de chefiar
uma organização criminosa com
ramificações em cinco Estados
brasileiros, foi preso na tarde de
anteontem em um bairro residencial de Montevidéu (Uruguai).
Arcanjo estava foragido desde o
último dia 5 de dezembro.
A mulher de Arcanjo, Sílvia Chirata, também foi presa. O DNII
(Direção Nacional de Informação
e Inteligência) do Uruguai fez as
prisões. Não houve reação.
Acusado de sonegar R$ 842 milhões da Receita Federal, entre
1997 e 2001, Arcanjo tem quatro
mandados de prisão por homicídio, contrabando, crime contra
ordem tributária, porte ilegal de
arma e lavagem de dinheiro.
Sua mulher Sílvia teve prisão
decretada também sob acusação
de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. A organização criminosa do "comendador",
sediada em Mato Grosso, teria ligações com uma similar no Espírito Santo, segundo o Ministério
Público Federal.
Haveria elos também com a exploração de máquinas caça-níqueis em Minas Gerais, Paraná
(Londrina) e Rio de Janeiro, onde
ainda manteria laços com o jogo
do bicho, atividades que Arcanjo
comandaria em Mato Grosso.
O "comendador" e sua mulher
são donos das offshores (empresas com sede virtual em paraíso
fiscal) Lyman e Aveyron S.A. situadas em território uruguaio.
As duas recebiam, segundo a
Polícia Federal, dinheiro de "atividades ilícitas" e serviam de avalistas aos empréstimos feitos por
bancos do Uruguai às empresas
de Arcanjo em Cuiabá (MT).
Operações financeiras suspeitas
no Uruguai, investigadas até agora, envolveram US$ 30 milhões.
A quantia teria sido usada na
construção de um shopping em
Rondonópolis (218 km ao sul de
Cuiabá), na compra de um jato
Cessna Citation X e outros bens.
Arcanjo também possui negócios nos Estados Unidos. Em Orlando, na Flórida, é dono de 55%
de um hotel avaliado em US$ 40
milhões. Há um mês, Arcanjo estava proibido de entrar nos EUA.
O "comendador" ainda é acusado pelo Ministério Público de
participação no assassinato, no
ano passado, de Sávio Brandão de
Lima Júnior, dono do jornal "Folha do Estado", de Cuiabá.
A diretora do Departamento de
Imprensa do Ministério do Interior do Uruguai, Alícia Lusit, disse
que a extradição de Arcanjo para
o Brasil depende de decisão da
Justiça uruguaia e da documentação a ser apresentada.
Alícia informou que há um
acordo de extradição ratificado
em 1919 entre os dois países, e a
Justiça tem o limite de 48 horas
para decidir sobre o caso.
O coordenador da Interpol (polícia internacional) no Brasil, Armando de Assis Possa, chegou
ontem à tarde ao Uruguai para
comandar as negociações com o
governo uruguaio. Arcanjo estava
na lista da Interpol e era procurado em 180 países.
Na avaliação do superintendente substituto da Polícia Federal em
Mato Grosso, André Luiz Diniz,
pode haver burocracia na extradição, principalmente se Arcanjo
usar seu poder econômico para
contratar advogados.
Diniz disse que na tarde de
quinta-feira a polícia uruguaia comunicou ter localizado uma pessoa parecida com Arcanjo. A PF
enviou, então, nova foto do acusado e mais informações sobre o
"comendador". A notícia da prisão só chegou na noite de quinta.
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