São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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EVENTO NÁUTICO

Competição reúne 2 milhões de pessoas

Pescadores do Ceará participam de regata de jangadas na França

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Pescadores artesanais do litoral do Ceará se preparam para participar, em julho, de uma regata de jangadas com competidores internacionais de vela em um dos principais eventos náuticos do mundo, em Brest, na França.
Os 18 jangadeiros, com idades entre 20 e 50 anos, nunca saíram do país. Agora, aprendem palavras de francês e inglês para se comunicar com os estrangeiros.
Para a regata, serão embarcadas para a França 14 jangadas iguais, que estão sendo construídas no porto do Mucuripe, em Fortaleza, especificamente para o evento. Entre os iatistas convidados para participar da regata de jangadas está o brasileiro Torben Grael.
Um dos idealizadores da ida dos pescadores à França é o paulista Didier Kelly, 46, que tem no currículo alguns títulos nacionais e internacionais de vela, como o America's Cup e o Campeonato Brasileiro. "Eles [os jangadeiros] estão acostumados a fazer regatas entre si, mas estamos ensinando como fazer uma regata moderna, com regras e táticas internacionais", disse Didier. É ele quem está ensinando um pouco de francês aos pescadores.
O festival de Brest acontece a cada quatro anos e promove a interação entre novidades e antigüidades náuticas. É a primeira vez que um país da América Latina é convidado a participar. São esperadas 2 milhões de pessoas no evento, de 10 a 16 de julho.
"Os pescadores estão se sentindo a seleção brasileira de vela e estão muito ansiosos", disse Júlio Trindade, 58, outro idealizador da participação brasileira.
Todos os custos da viagem são pagos pelos organizadores de Brest. Não houve financiamento do governo brasileiro nem do Estado do Ceará.
Além das jangadas modernas, serão levadas à França duas réplicas de jangadas antigas, feitas de piúba, as mesmas usadas na década de 40 por quatro pescadores cearenses que saíram de Fortaleza para o Rio de Janeiro para falar com o então presidente Getúlio Vargas. A história virou um filme inacabado do cineasta Orson Welles, "It's All True".


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