"Quando ganhei o concurso de Miss Pernambuco Infantil, muitos pais de candidatas gritavam: "Essa negrinha não poderia ter ganhado, essa crioula não". Eu era criança, não liguei muito, mas minha tia ficou triste. Até hoje noto que nem todo mundo gosta de ver negras nos desfiles e campanhas publicitárias. No Brasil ainda é pior: como não tem muitas marcas e são sempre os mesmos produtores, se uma modelo negra está trabalhando bem, só pegam aquela, esquecem as outras. Você já viu uma negra que não seja famosa na capa da "Vogue"?
Quando conheci a Anna Wintour (editora-chefe da Vogue América), ela disse que eu era uma promessa, comecei a fazer trabalhos importantes, mas percebi como o mercado para negros nos EUA é limitado. Eu tenho curvas, o que eles associam a biquíni, verão. Uma vez eu estive em uma prova de roupas para um desfile de inverno da (grife) Donna Karan e o vestido não fechava por causa do meu busto. A stylist pediu que eu voltasse noutro dia. Quando voltei, não tinham feito o ajuste e ela me despachou. Ou seja, ela me avaliou por um vestido. Hoje, sei que pouquíssimas negras fazem temporada de inverno." (Emanuela de Paula, 19, é uma das cinco modelos negras brasileiras mais festejadas no setor)


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