São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009

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"Eventos são oportunidade de emprego"

DA REPORTAGEM LOCAL

A promotora Déborah Kelly Affonso, que propõe a obrigatoriedade de um percentual de negros nos desfiles da São Paulo Fashion Week, compara a cota com a das universidades.

 

FOLHA - Por que não se cria cota para modelos japoneses?
DÉBORAH KELLY AFFONSO
- O fundamento histórico das cotas raciais é reparar injustiças cometidas desde a escravidão. Se você pegar a imigração japonesa, vai ver que eles não foram comprados para trabalhar aqui como escravos. Ao contrário: muitos vieram com incentivo fiscal. E a população de orientais no Brasil não chega a 1%.

FOLHA - Nas universidades, aceita-se a autodeclaração como critério de classificação da cor. Na SPFW, não basta provar que é negro para disputar a vaga.
DÉBORAH
- A discussão é um pouco diferente. Nos desfiles, você está dando oportunidade de emprego mesmo. Não é simplesmente mérito de quem estuda mais.

FOLHA - A cota não vai constranger a modelo, que pode pensar que só está ali porque exigiram?
DÉBORAH
- Mas eu não estou obrigando a escalar uma modelo X. Eles vão continuar se estapeando pela Emanuela, pela Gracie, só que, agora, vai surgir mais gente.

FOLHA - Empresários do setor alegam que a SPFW é um evento particular, de criação, no qual não cabe a interferência...
DÉBORAH
- A questão é que tem dinheiro público na Fashion Week. O Brasil adotou como política pública a inclusão de afro-descendentes. Então, se tem dinheiro público aplicado, é preciso cobrar coerência com as políticas do governo.


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