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Bombeiro relata adrenalina de atuar em Niterói, Angra e Haiti
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Ricardo Loureiro nunca pensou em ser outra coisa na vida
que não bombeiro.
A tradição familiar pesou
-seu pai, primos e tios ingressaram na corporação-, mas o
que o atraiu mesmo foi a imprevisibilidade inerente à profissão. "Não gosto da rotina. Como bombeiro, não dá para saber o que está reservado à frente. Podemos encontrar obstáculos de qualquer natureza",
afirmou o tenente-coronel,
atual comandante do GBS
(Grupamento de Busca e Salvamento) da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Em seu caso, a frase "desafios
de qualquer natureza" não é
mera força de expressão. Loureiro já fez salvamentos na água
(é mergulhador), no ar (com rapel), em meio ao fogo (brigada
anti-incêndio) e na terra (atua
em casos de deslizamento e soterramento).
A experiência do comandante já o levou a missões de ajuda
no exterior. A última delas foi
após o terremoto no Haiti, em
janeiro deste ano, onde passou
22 dias. Do país da América
Central, diz que guarda uma experiência gratificante: ser ovacionado pela população local.
"Ouvir as pessoas na rua, em
meio àquele caos absoluto, gritarem "bravo" e "Brasil" foi inesquecível", relatou. Uma situação vivenciada por lá que sempre cita foi o resgate à enfermeira haitiana Jean Baptiste,
grávida de três meses, que passou quatro dias sob a terra.
Antes do Haiti, Loureiro
atuou na enchente de Duque de
Caxias, em novembro de 2009,
e no deslizamento em Angra
dos Reis, na virada deste ano.
Desde a semana passada, trabalhou nos soterramentos do
morro dos Prazeres, em Santa
Teresa, e, logo a seguir, no do
morro do Bumba, em Niterói.
Casado há cinco anos, sua
mulher compreende a ausência, embora nem sempre fique
satisfeita: "No caso de Angra,
logo no início deste ano, foi
meio complicado", ele ri.
Quem sempre está nas missões com Loureiro é o seu subcomandante e "braço direito",
o major Rodrigo Vargas, 34, que
está no GBS desde que se tornou oficial, há 11 anos. Vargas,
que não contabiliza quantas
operações já participou, afirma
que a "mais difícil e marcante é
sempre a próxima".
Ele diz que não sente cansaço
quando está trabalhando. "Não
me abato com isso, fico o tempo
que for necessário. Me concentro no trabalho."
Ao lado de 150 bombeiros
-sendo 20 do GBS- Loureiro e
Vargas passam hoje pelo menos 12 horas diárias em meio à
terra, lixo e escombros no morro do Bumba.
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