São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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Bombeiro relata adrenalina de atuar em Niterói, Angra e Haiti

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Ricardo Loureiro nunca pensou em ser outra coisa na vida que não bombeiro.
A tradição familiar pesou -seu pai, primos e tios ingressaram na corporação-, mas o que o atraiu mesmo foi a imprevisibilidade inerente à profissão. "Não gosto da rotina. Como bombeiro, não dá para saber o que está reservado à frente. Podemos encontrar obstáculos de qualquer natureza", afirmou o tenente-coronel, atual comandante do GBS (Grupamento de Busca e Salvamento) da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Em seu caso, a frase "desafios de qualquer natureza" não é mera força de expressão. Loureiro já fez salvamentos na água (é mergulhador), no ar (com rapel), em meio ao fogo (brigada anti-incêndio) e na terra (atua em casos de deslizamento e soterramento).
A experiência do comandante já o levou a missões de ajuda no exterior. A última delas foi após o terremoto no Haiti, em janeiro deste ano, onde passou 22 dias. Do país da América Central, diz que guarda uma experiência gratificante: ser ovacionado pela população local.
"Ouvir as pessoas na rua, em meio àquele caos absoluto, gritarem "bravo" e "Brasil" foi inesquecível", relatou. Uma situação vivenciada por lá que sempre cita foi o resgate à enfermeira haitiana Jean Baptiste, grávida de três meses, que passou quatro dias sob a terra.
Antes do Haiti, Loureiro atuou na enchente de Duque de Caxias, em novembro de 2009, e no deslizamento em Angra dos Reis, na virada deste ano. Desde a semana passada, trabalhou nos soterramentos do morro dos Prazeres, em Santa Teresa, e, logo a seguir, no do morro do Bumba, em Niterói.
Casado há cinco anos, sua mulher compreende a ausência, embora nem sempre fique satisfeita: "No caso de Angra, logo no início deste ano, foi meio complicado", ele ri.
Quem sempre está nas missões com Loureiro é o seu subcomandante e "braço direito", o major Rodrigo Vargas, 34, que está no GBS desde que se tornou oficial, há 11 anos. Vargas, que não contabiliza quantas operações já participou, afirma que a "mais difícil e marcante é sempre a próxima".
Ele diz que não sente cansaço quando está trabalhando. "Não me abato com isso, fico o tempo que for necessário. Me concentro no trabalho."
Ao lado de 150 bombeiros -sendo 20 do GBS- Loureiro e Vargas passam hoje pelo menos 12 horas diárias em meio à terra, lixo e escombros no morro do Bumba.


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