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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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SAÚDE

Aposentado percorre 25 km para conseguir medicamento em centro de saúde; desabastecimento atinge pelo menos 20 locais

Sem remédio, doente faz via-sacra em posto

RAQUEL COZER
DO "AGORA"

Buscar remédios em farmácias de postos municipais ou estaduais na capital pode ser sinônimo de peregrinação. Isso porque muitos centros de saúde não têm à disposição medicamentos que deveriam ser oferecidos gratuitamente à população.
Morador de Itaquera (zona leste), o aposentado Alceu Roque da Silva, 72, só foi encontrar os medicamentos dipirona e diclofenaco depois de passar por cinco postos. Ele precisou sair de seu bairro e percorrer mais de 25 km para buscá-los em um posto no centro.
Embora a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado digam que são casos isolados, funcionários e pacientes de todos os 15 postos visitados pela reportagem, na semana passada, reclamaram de uma falta recorrente de medicamentos. Há também desabastecimento em outros cinco postos consultados por telefone.
Casos como o do posto Dr. Lívio Amato -do governo estadual-, na Vila Mariana (zona sul), elogiado pelos pacientes, são raros.
Um dos exemplos mais críticos é o do Centro de Saúde Ermelino Matarazzo (zona leste), que foi repassado, recentemente, à prefeitura da capital pelo Estado. Funcionários afirmaram que costumam receber menos da metade dos remédios obrigatórios.
De uma lista de 72 remédios solicitados à prefeitura, no mês passado, o posto recebeu apenas 29. Na mesma época, dos 41 medicamentos do Dose Certa -lista de medicamentos entregue pelo governo estadual-, só 16 chegaram ao Ermelino Matarazzo.
No posto de saúde municipal Humberto Cerruti, no Jardim Penha (zona leste), as prateleiras da farmácia estavam praticamente vazias na última segunda-feira. Uma funcionária disse que até remédios comuns, como o antibiótico cefalexina, o analgésico paracetamol e o antiespasmódico escopolamina, costumam faltar.
O calmante diazepam foi o único remédio, entre os cinco listados na receita médica da vendedora Nilza de Melo, 46, encontrado no Centro de Saúde (estadual) Vila Maria (zona norte). No posto, faltavam o antidepressivo fluoxetina, o broncodilatador aminofilina, o analgésico diclofenaco e o antiulceroso cimetidina. "Vou procurar em outros postos amanhã", disse Melo. A diretora do lugar não comentou o problema.


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