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SAÚDE
Aposentado percorre 25 km para conseguir medicamento em centro de saúde; desabastecimento atinge pelo menos 20 locais
Sem remédio, doente faz via-sacra em posto
RAQUEL COZER
DO "AGORA"
Buscar remédios em farmácias
de postos municipais ou estaduais na capital pode ser sinônimo de peregrinação. Isso porque
muitos centros de saúde não têm
à disposição medicamentos que
deveriam ser oferecidos gratuitamente à população.
Morador de Itaquera (zona leste), o aposentado Alceu Roque da
Silva, 72, só foi encontrar os medicamentos dipirona e diclofenaco
depois de passar por cinco postos.
Ele precisou sair de seu bairro e
percorrer mais de 25 km para
buscá-los em um posto no centro.
Embora a Prefeitura de São
Paulo e o governo do Estado digam que são casos isolados, funcionários e pacientes de todos os
15 postos visitados pela reportagem, na semana passada, reclamaram de uma falta recorrente de
medicamentos. Há também desabastecimento em outros cinco
postos consultados por telefone.
Casos como o do posto Dr. Lívio
Amato -do governo estadual-,
na Vila Mariana (zona sul), elogiado pelos pacientes, são raros.
Um dos exemplos mais críticos
é o do Centro de Saúde Ermelino
Matarazzo (zona leste), que foi repassado, recentemente, à prefeitura da capital pelo Estado. Funcionários afirmaram que costumam receber menos da metade
dos remédios obrigatórios.
De uma lista de 72 remédios solicitados à prefeitura, no mês passado, o posto recebeu apenas 29.
Na mesma época, dos 41 medicamentos do Dose Certa -lista de
medicamentos entregue pelo governo estadual-, só 16 chegaram
ao Ermelino Matarazzo.
No posto de saúde municipal
Humberto Cerruti, no Jardim Penha (zona leste), as prateleiras da
farmácia estavam praticamente
vazias na última segunda-feira.
Uma funcionária disse que até remédios comuns, como o antibiótico cefalexina, o analgésico paracetamol e o antiespasmódico escopolamina, costumam faltar.
O calmante diazepam foi o único remédio, entre os cinco listados na receita médica da vendedora Nilza de Melo, 46, encontrado no Centro de Saúde (estadual)
Vila Maria (zona norte). No posto, faltavam o antidepressivo fluoxetina, o broncodilatador aminofilina, o analgésico diclofenaco e o
antiulceroso cimetidina. "Vou
procurar em outros postos amanhã", disse Melo. A diretora do lugar não comentou o problema.
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