São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008 |
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1 milhão de deficientes no Brasil esperam por próteses
Dados são de estudo do Ministério da Saúde; demora chega a três anos em Goiás
de joelho em uma perna, durante a Feira Internacional de Tecnologia em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, realizada no mês de abril em São Paulo CLÁUDIA COLLUCCI DA REPORTAGEM LOCAL O Brasil tem ao menos 1 milhão de deficientes físicos, auditivos e visuais esperando por órteses e próteses, revela um levantamento do Ministério da Saúde no qual o governo federal estabeleceu metas para a saúde no período 2008-2011. São pessoas que necessitam de órteses (aparelhos auditivos e cadeira de rodas, por exemplo) ou próteses (como pernas mecânicas) já identificadas pelas secretarias estaduais ou municipais de saúde, as que estão em filas de espera e também a demanda reprimida. Em Estados como Goiás e o Amazonas, a demora por órteses e próteses chega a três anos, segundo grupos de pacientes com artrite e diabetes. A artrite desgasta e inflama as articulações, tirando a mobilidade do corpo. A diabetes pode levar à amputação de membros. Em São Paulo, o governo estadual nega que haja filas de espera para esses equipamentos, mas instituições que lidam com deficientes, como a Santa Casa de São Paulo e a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), confirmam a dificuldade que os doentes têm para ter acesso a eles. Só na AACD, 1.600 crianças -a maioria com paralisia cerebral- aguardam uma órtese, prótese ou cadeira de roda. Outras 32 mil -50% moradoras de São Paulo- estão esperando a vez para o primeiro atendimento, segundo Eduardo de Almeida Carneiro, presidente voluntário da entidade. "A fila da AACD nunca diminui. Ela pode, no máximo, acelerar na velocidade", diz ele. A entidade atende 2.500 crianças por dia, 86% vindas do SUS. O garoto Felipe Alves Amorim, 6, vítima de má-formação congênita, é uma delas. Ele espera há um ano novas próteses para as pernas porque as que usa hoje já estão pequenas. Ainda assim, Felipe anda, joga bola, faz capoeira, natação e adora videogame. "Apesar da deficiência, meu filho é uma criança muito feliz", diz a mãe, Daniela Silva Alves Amorim. Demanda Para Carneiro, as filas de espera não refletem a demanda porque muita gente desiste de esperar ou nem entra no cadastro dos serviços porque sabem que a demora será longa. Em São Paulo, estima-se que 40% dos 5 milhões deficientes estejam fora do sistema de saúde. Na Santa Casa de São Paulo, os pacientes amputados recebem tratamentos de reabilitação nas fases aguda e ambulatorial, mas, para colocar a prótese, vão para outros serviços do SUS, onde enfrentam filas. No serviço de reabilitação, os acidentes de trânsito, especialmente com motociclistas, são a principal causa de amputações ou de lesões medulares. Além da dificuldade para obter uma prótese ou órtese, há também problemas de manutenção. Segundo a Abotec (Associação Brasileira de Ortopedia Técnica), 60% dos pacientes abandonam as próteses de uso externo, principalmente a de braços e pernas, porque não se adaptam a elas. Isso aconteceria por falta de ajustes e de manutenção dos aparelhos. A falta de reabilitação adequada pode trazer seqüelas graves e riscos aos pacientes. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Atendimento a deficiente tem melhorado no país, de acordo com Ministério da Saúde Índice |
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