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URBANISMO
Um dia após líder governista ameaçar tirar cargos de aliados, proposta obteve apoio de 35 dos 55 vereadores
Com o PMDB, anistia a comércio é aprovada
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de três semanas de negociações, a Câmara Municipal de
São Paulo aprovou ontem o projeto que anistia lojas irregulares
em algumas vias da cidade, como
a alameda Gabriel Monteiro da
Silva e a avenida Pacaembu.
O texto agora vai à sanção da
prefeita Marta Suplicy (PT), defensora da anistia. Para garantir o
benefício, os lojistas terão de pagar uma contrapartida à prefeitura.
Apesar da exigência, eles apoiaram o projeto.
Anteontem, o governo colocou
a medida em votação, mas não
obteve os 33 votos necessários
porque os peemedebistas desapareceram do plenário, em uma estratégia para "demonstrar força".
Mas ontem, um dia após o líder
do governo na Casa, João Antonio
(PT), ter ameaçado veladamente
tirar cargos de quem não apoiasse
o governo, a anistia foi aprovada
por 35 votos a favor -incluindo
quatro do PMDB- e 14 contra. O
petista disse que os peemedebistas "decidiram votar com o governo, sem nenhum tipo de pressão".
Apenas o líder peemedebista,
Milton Leite, não votou. Ele afirmou que seus colegas de bancada
apoiaram a proposta em troca da
promessa do PT de ceder ao partido a presidência da próxima CPI a
ser criada na Casa.
Antonio Goulart (PMDB), que
anteontem se absteve da votação e
ontem votou a favor, disse que defendia a anistia, mas "a maioria
preferiu protelar" em razão de
outros assuntos. Questionado se
houve algum tipo de ameaça, afirmou: "Não. Apóio a administração, mas não cedo a pressões".
Mudança de voto
O projeto, que foi apresentado
em agosto de 2001 pelo hoje deputado federal José Mentor (PT), foi
aprovado ontem em definitivo,
pois já havia sido submetido a
uma primeira votação no final de
janeiro, quando recebeu 33 votos.
Entre os vereadores que já estavam na Câmara em janeiro e votaram no projeto nas duas vezes,
três mudaram de posição, todos
de não para sim: os petistas Beto
Custódio e Flávia Pereira e Alcides Amazonas (PC do B).
José Américo Dias, que deixou a
Secretaria da Comunicação e
reassumiu seu mandato de vereador apenas para votar a anistia,
disse que o projeto é importante
porque "cria uma ponte entre a situação atual, que é caótica em algumas regiões, e a nova lei de zoneamento, em que podemos discutir de maneira mais detalhada".
Dias disse que deixará a Câmara
hoje e retornará à secretaria amanhã. Sua suplente, Zélia Lopes
(PT), contrária à anistia, voltará a
integrar a bancada petista.
O líder do governo considerou a
aprovação "uma vitória da cidade". Questionado se o resultado
encerrava as turbulências no PT,
João Antonio disse: "Estamos em
paz". Mas os petistas contrários à
anistia mantiveram suas críticas.
Na opinião de Nabil Bonduki
(PT), a medida pode "passar a
imagem de que se instalar irregularmente seja uma vantagem".
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