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Líder do assalto ao BC é parceiro do PCC em ações criminosas
Criminoso foragido contribui com a facção de acordo com o que obtém nas ações que pratica; em troca, recebe proteção
Entre os crimes do PCC para conseguir recursos está o seqüestro de familiares de gerentes de bancos, que são obrigados a dar o dinheiro
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O cearense Antônio Jussivan
Alves dos Santos, o Alemão, pode ser considerado o mais bem-sucedido ladrão do Brasil em
uma única ação criminosa, já
que, segundo a Polícia Federal,
ele liderou a quadrilha que furtou os R$ 164.755.150,00 em
cédulas de R$ 50 (três toneladas) do Banco Central em Fortaleza (CE), em agosto de 2005.
Processado na 18ª Vara Criminal Federal, no Ceará, por lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores, Alemão começou a atuar em parceria com
a facção criminosa PCC em
agosto de 1994, em um assalto a
um carro blindado no qual dois
vigilantes foram mortos e dois
malotes com dinheiro foram levados. Ele está foragido. Segundo a PF, Alemão está no interior de São Paulo, sob proteção
de homens do PCC.
O assaltante cearense é considerado um "primo" (simpatizante) do PCC e contribui com
a facção de acordo com o que
obtém nas ações criminosas
que pratica. Em troca, ele recebe proteção da facção e tem à
sua disposição armas.
De olho no dinheiro roubado
do BC, criminosos seqüestraram Antônio Jussiê dos Santos,
irmão de Alemão, em abril. Ele
ficou 12 dias em um cativeiro e,
após o pagamento de um resgate de R$ 70 mil, foi solto. Alemão esteve no Ceará, segundo a
PF, e negociou, pelo celular, a
libertação do irmão.
Ações
Entre as ações em que tentam praticar crimes voltados
para o chamado capital intensivo e obter verba para a facção,
os membros do PCC que atuam
no Estado de São Paulo têm
uma especialidade: roubar
agências da Caixa Econômica
Federal, sempre após seqüestrar parentes dos gerentes para
obrigá-los a entregar o dinheiro
do banco, ou em assaltos convencionais, com armamento.
Nessas ações, nas quais visam forçar os gerentes das
agências a entregar todo o dinheiro que existe no cofre do
banco, os ladrões seqüestram
os familiares dele e, depois de
levá-los para um cativeiro e fotografá-los sob a mira de armas
ou de explosivos, partem para a
pressão psicológica: ou eles facilitam o acesso ao banco, ou os
familiares serão mortos.
Segundo o delegado da Polícia Federal Marcelo Sabadin
Baltazar, da Delepat (Delegacia
de Repressão a Crimes Contra
o Patrimônio), "a atribuição de
investigar o PCC é da Polícia
Civil de São Paulo, mas "toda
vez que os membros do partido
[do crime, como o PCC também é chamado] atravessarem
o caminho da União, baterão de
frente com a Polícia Federal".
Criada em setembro de 2003,
a Delepat já prendeu nos últimos três anos 20 ladrões de
bancos ligados ao PCC, todos
eles por roubos contra agências
da Caixa Econômica Federal no
Estado de São Paulo.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, em 2005 foram registrados 133 assaltos a
banco em todo o Estado; no 1º
trimestre deste ano, 53, ou seja,
em apenas três meses de 2006,
São Paulo já registrou 40% do
total de roubos a banco registrados no ano anterior.
(ANDRÉ CARAMANTE E ANDRÉA MICHAEL)
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