São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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É mais fácil me copiarem, diz professor

DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Alberto Dabus Maluf, 60, professor titular de direito civil da USP, rebate os questionamentos dos alunos à sua tese e afirma que a contestação se deve ao fato de seu cargo ser "muito visado".
Ele diz que, mesmo nos casos em que não colocou aspas nos parágrafos reproduzidos, fez referências aos autores por notas de rodapé.
"O plagiário não indica coisa nenhuma. O sujeito simplesmente rouba a idéia, a frase, e não dá referência", afirmou. "Confesso que realmente não coloquei aspas. Mas ele está citado no rodapé. Não está escondido", disse Dabus Maluf.
"É mais fácil as pessoas me copiarem do que eu copiar outras pessoas", afirmou ele, em referência ao seu currículo, no qual, além da experiência de mais de 30 anos na área, destaca-se como membro da comissão constituída para apresentar sugestões ao novo Código Civil, de 2002.
O professor titular disse que, a princípio, a única mudança que faria hoje é a inclusão de aspas no capítulo que reproduz texto de Paulo Barbosa Campos Filho.
"O único que talvez pudesse dar essa celeuma é a questão do Paulo Barbosa. Agora, com todo respeito: fazer um carnaval de batalha por causa do Paulo Barbosa, porque ele foi citado três vezes naquele capítulo, é um pouco demais", afirmou. "Não posso ter meu nome assim [prejudicado] por causa de um pecadilho, digamos assim."
Em relação à reprodução de frases da professora francesa Catherine Guelfucci-Thibierge, também citada pelos estudantes, Dabus Maluf diz que se trata de uma "tradução livre" e que, por esse motivo, não requer aspas. Considera estar entendido pelo título e por notas de rodapé que essas páginas da tese são "uma tradução livre" dela.
O professor titular da USP também negou os questionamentos dos estudantes sobre a inclusão em notas de rodapé de livros que, na interpretação dos estudantes, não teriam sido consultados diretamente por ele.
Dabus Maluf ressaltou ter uma biblioteca com livros antigos e raros. Como argumento de defesa, afirmou que incluiu em sua tese nome e sobrenome completo de um autor -que em outras obras só é citado pelo nome.
O professor disse que uma das contestações dos alunos à obra de Georges Lutzesco se baseia numa edição diferente (de 1978) da que ele consultou (de 1945).
A reitoria da USP divulgou nota dizendo que "denúncias sobre plágio na universidade são apuradas por comissões específicas e a reitoria somente se posiciona após a completa elucidação do caso e exame anterior dos órgãos colegiados competentes".
(AI e RS)


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