São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

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Gripe suína vira 1ª pandemia do século

OMS eleva nível de alerta ao grau máximo, pouco mais de um mês após surgimento do vírus A (H1N1), causador da doença

São cerca de 30 mil registros em 74 países; medida, diz a OMS, é só um alerta, já que na vasta maioria dos casos o vírus teve efeito moderado

Reuters
Alunas de escola infantil em Hong Kong são submetidas a medição de temperatura; governo local ordenou o fechamento de escolas primárias e creches em razão da gripe suína, que atingiu status de pandemia

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Pouco mais de um mês após o surgimento do vírus A (H1N1), causador da gripe suína, a OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou ao máximo o seu nível de alerta e decretou "a primeira pandemia do século 21".
A decisão, anunciada ontem, foi motivada pelo crescente número de casos no mundo, que se aproxima de 30 mil em 74 países, e da conclusão dos especialistas da OMS de que o avanço do vírus já é um fenômeno global, impossível de ser freado. Até ontem, o Brasil havia confirmado 52 casos.
"O mundo está agora no começo da pandemia de influenza [gripe] de 2009", disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. "Estamos no estágio inicial, e o vírus está se propagando sob intensa vigilância."
Chan buscou passar uma mensagem tranquilizadora. Ressaltou que, na vasta maioria dos casos, o vírus teve efeito moderado, equivalente ao de uma gripe comum. Em muitos, não foi preciso tratamento. Até agora são 144 mortos, número considerado "baixo" por Chan.
Além disso, ela observou que o mundo nunca esteve tão bem preparado para enfrentar uma epidemia global. "Nenhuma pandemia foi detectada tão cedo e monitorada tão de perto, em tempo real, desde o início."
O século 20 teve três pandemias de gripe. A pior foi a gripe espanhola, em 1918, que matou pelo menos 20 milhões. Em 1957 a gripe asiática deixou cerca de 2 milhões de mortos. A última foi há 41 anos, quando a gripe de Hong Kong matou 1 milhão de pessoas.
Chan disse que o ciclo de fabricação de vacina contra a gripe sazonal será concluído em breve. Mas previu que só em setembro a nova vacina estará disponível, e mesmo assim em quantidade reduzida.
Ela explicou que a declaração da pandemia obedeceu a critérios de propagação, não de severidade. "Uma pandemia significa extensão [do vírus]. Mas um nível de alerta pandêmico não significa necessariamente que veremos um vírus mais perigoso ou que muitas pessoas ficarão gravemente doentes."
Uma pandemia é declarada quando há transmissão ampla e intercomunitária em mais de uma região. A organização citou ontem América do Norte, Austrália e América do Sul -uma clara referência ao Chile, que é o país não norte-americano com mais casos: 1.694.
Chan disse que todos os países devem se preparar para enfrentar a doença, mesmo os que já tiveram picos de contágio, que devem esperar uma "segunda onda". É o caso do México, onde o surto começou e que tem 6.241 casos, e os Estados Unidos, com 13.217.
Se para os governos é hora de intensificar a vigilância, para as populações o alerta não deve causar preocupação especial.
"É algo que as pessoas devem saber, mas é preciso colocar as coisas em perspectiva", disse Keiji Fukuda, diretor assistente da OMS. O mais importante, disse ele, é ficar alerta para detectar cedo sinais que indiquem casos severos.
A decisão de elevar o alerta do nível 5 para o 6 foi selada após uma consulta na noite de quarta-feira aos oito países com mais casos: Estados Unidos, México, Canadá, Chile, Austrália, Reino Unido, Japão e Espanha. A missão do Brasil em Genebra foi notificada na mesma noite, pela própria Chan.


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