São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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NA JUSTIÇA
Vítimas afirmaram ter pago propina a assessores de Viscome, mas nenhuma delas disse ter tido contato com ele
Testemunhas confirmam esquema na Penha

da Reportagem Local

Oito testemunhas de acusação confirmaram ontem em depoimento à Justiça que havia um esquema de recolhimento de propina na Administração Regional da Penha, que era controlada politicamente pelo vereador Vicente Viscome (expulso do PPB).
Mas nenhuma das testemunhas afirmou ter dado dinheiro ao vereador, que está preso há 82 dias no 29º DP (Vila Diva, zona sudeste de SP), acusado de concussão e formação de quadrilha.
Cinco testemunhas eram donas de barracas de frutas na avenida Tiquatira, na Penha: Clemildo Geraldo dos Santos, Éricles Clemente, Alex Sandro Guimarães de Lima, José Dionízio Santana e Valdenor Guimarães de Lima. Os cinco afirmaram que pagavam R$ 100 por semana ao coronel Ivan Márcio Gitahy, ex-assessor técnico da regional, nomeado por Viscome.
Todos, com exceção de Santana, reconheceram Gitahy, que acompanhava os depoimentos ao lado dos outros réus, todos algemados. Nenhum deles afirmou ter tido contato com o vereador, mas todos os depoentes afirmaram ter pago propina na época em que Viscome controlava a regional.
Valdenor Lima, além de reconhecer Gitahy, reconheceu Tânia de Paula, ex-namorada e assessora do vereador. Segundo ele, Tânia lhe extorquiu R$ 1.500 para que ele pudesse montar uma barraca para vender frutas e verduras.
Outra vítima de extorsão, o funcionário público José Tomazo Pereira, contou que teve que dar quatro cheques de R$ 250 à fiscal Eliane Bittante para não ter sua obra embargada. Como continuava sendo extorquido, ele sustou o último cheque e procurou a polícia.
Extorsão semelhante narrou o dono de posto de gasolina Ricardo Maruyama. Para não ter sua obra embargada, ele afirma ter dado dois cheques de R$ 1.000 ao ex-administrador regional Osvaldo Morgado da Cruz.
A última testemunha a depor, o comerciante Nelson Tamada, contou ter sido multado em R$ 30 mil por irregularidades em uma obra. Ele procurou a regional e disse que Eliane Bittante pediu R$ 10 mil para anular a multa. Para o Ministério Público, os depoimentos comprovaram mais uma vez que havia um esquema de corrupção comandado por Viscome.
Mas para o advogado Ademar Gomes, que defende Viscome, nenhuma testemunha acusou diretamente o vereador, o que evidencia sua inocência. Por isso, ele espera que Viscome seja solto em uma semana. Mas, anteontem, sua liberdade ficou mais distante. Por unanimidade, a 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou habeas corpus ao vereador. (OC)


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