São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999 |
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CATRACAS LIVRES Protesto foi realizado no terminal Parque D. Pedro; prejuízo das empresas gira em torno de R$ 92 mil Motoristas de SP deixam 80 mil viajar grátis
MARCELO OLIVEIRA da Reportagem Local Cerca de 300 militantes do Sindicato dos Motoristas conseguiram ontem à tarde, após acordo com a PM, permitir a entrada gratuita de pelo menos 80 mil passageiros no terminal de ônibus Parque D. Pedro, no centro de São Paulo. Segundo a SPTrans, empresa que gerencia o transporte coletivo da cidade, 900 ônibus passam por hora pelo terminal no horário de pico. O prejuízo para as empresas gira em torno de R$ 92 mil. O secretário-geral do Sindicato dos Motoristas, Alcides Araújo dos Santos, o Amazonas, disse que foi a primeira vez que um protesto de catracas liberadas teve êxito em um grande terminal. O protesto dos motoristas foi um sucesso graças ao apoio dos passageiros e à segurança feita pela PM, que, para evitar tumulto, liberou a entrada de passageiros pelos fundos do terminal. Os motoristas e cobradores protestaram para garantir os vales-refeição. O benefício, segundo o Transurb (sindicato patronal), foi suspenso pelo Tribunal Superior do Trabalho, mas os motoristas afirmam que não houve a suspensão. O protesto começou por volta das 16h, quando sindicalistas se posicionaram nas entradas do terminal e solicitaram que os passageiros pulassem as catracas. A PM chegou logo após e fechou o terminal, causando o acúmulo de pelo menos 200 ônibus no viaduto Diário Popular, o que paralisou o trânsito no local. Com o terminal fechado, os usuários começaram a correr até o viaduto para subir nos ônibus. Segundo o coronel Marcos Alcântara Lima, que comandava os PMs, as catracas do terminal foram liberadas, às 16h30, para evitar acidentes e liberar o trânsito. O protesto dos motoristas só terminou às 18h22, após três tentativas de interrupção desde as 18h. O cobrador Izaias Neves dos Santos, 28, foi detido, acusado de tentar arrancar o motorista de um ônibus. Logo depois, foi liberado. O público que entrava no terminal sorria e fazia planos com o R$ 1,15 economizado. "Vou comprar uma dúzia de laranjas", disse o aposentado João Francisco Dulcindo, 54, que pela primeira vez viajaria de graça. A assessoria de imprensa do Transurb informou que as empresas ainda não sabem que medida jurídica irão tomar para tentar recuperar o prejuízo. Advogados criminalistas ouvidos pela Folha afirmaram que o protesto não consiste crime e que as empresas devem entrar com ações cíveis de perdas e danos. Segunda-feira, motoristas voltam a se reunir com os patrões e, se não houver acordo, prometem liberar as catracas novamente, mas em toda a cidade. Texto Anterior: Letras jurídicas - Walter Ceneviva: Um túnel no fim da luz Próximo Texto: Ficar sozinho pode fazer mal para a saúde Índice |
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