|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estado pede parcelamento geral
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estado de São Paulo entregou
há duas semanas ao presidente do
STF, ministro Nelson Jobim, uma
minuta de projeto de lei pela qual
o prazo para o pagamento dos
precatórios não alimentares é estendido ainda mais, sendo fixado
um percentual da receita corrente
líquida a ser gasto com os títulos
-obrigando que metade do recurso seja para os débitos alimentares. Exatamente por conta dos
atrasos, o estoque de precatórios
não alimentares já foi parcelado
em dez vezes em 2000.
"Nós conseguimos gastar cerca
de 2% da receita corrente líquida
[que exclui os repasses para municípios] com precatórios. Se diminuirmos a parcela dos não-alimentares, poderemos entregar
mais recursos aos alimentares",
disse, em entrevista, à Folha o
procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos.
Autor da proposta, foi Ramos
quem a entregou ao ministro. "A
receptividade foi muita boa, porque ele sabe que o STF tem responsabilidade e está em débito
com a sociedade", afirma.
Pela proposta, São Paulo destinaria cerca de R$ 1 bilhão por
anos aos precatórios -metade
aos alimentares. Nesse ritmo, o
estoque de R$ 6 bilhões ainda demoraria 12 anos para ser saldado.
O ministro, de acordo com o
procurador do Estado, tentará
costurar um consenso com os demais governadores para conseguir respaldo para a aprovação de
uma emenda constitucional,
"mas no ano que vem, sem a pressão do calendário eleitoral".
Ramos foi também quem defendeu o Estado de São Paulo no
julgamento que iniciou a jurisprudência contra a decretação de
intervenções. Ele contesta a idéia
de que o calote está liberado.
"Eu não defendi aval a calote
nenhum. Não falei em tese abstrata. Falei de São Paulo, do caso
concreto, da falta de discricionariedade. Depois disso, se o STF estendeu a decisão para outros sem
situação fática, o problema é do
STF", diz o procurador.
Ramos admite que, devido às
diferentes punições, houve uma
inversão de prioridades, fazendo
com que o pagamento dos precatórios alimentares passasse a ser
menos importante para os governos do que o dos demais.
"Entendo o caráter social do débito, mas não posso entregar toda
a verba para os alimentares e ter
as contas do Estado bloqueadas.
O atraso está impune, eu sei. Eu
me incomodo."
(SC)
Texto Anterior: Capital reduz ritmo de pagamentos Próximo Texto: Moacyr Scliar: Cenários improváveis Índice
|