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AIDS
Segundo a OIT, o dado se refere aos 50 países com maior incidência da epidemia; 2 milhões deixarão de trabalhar em 2005
HIV atinge 26 milhões de trabalhadores
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 26 milhões de trabalhadores entre 15 e 49 anos estão
com HIV -2 milhões deles não
terão mais condições de trabalhar
ao longo do próximo ano. Esse cenário assustador se refere ao conjunto dos 50 países mais afetados
pela epidemia, 35 deles na África
abaixo do Saara, cinco na Ásia, oito na América Latina e Caribe,
além da Rússia e dos EUA.
Até 2015, contando do início da
epidemia, a Aids terá tirado do
mercado de trabalho cerca 74 milhões de pessoas no mundo.
O levantamento foi divulgado
ontem em todo o mundo pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e se transformou no
principal tema de debate da abertura, neste domingo, da 15ª Conferência Mundial de Aids, em
Bancoc, na Tailândia. Para realizar o estudo, a OIT se valeu de informações da Unaids, instituição
das Nações Unidas para a Aids, e
de organismos nacionais e internacionais dos países envolvidos.
A Unaids estima que nos 50 países estudados pela OIT existam
35,7 milhões de pessoas vivendo
com HIV (aquelas nas quais a
doença Aids ainda não se manifestou). Se forem considerados os
menores de 15 anos e os acima de
49 anos que exercem alguma atividade, o número de pessoas vivendo com o vírus e exercendo alguma atividade produtiva subiria
para mais de 33 milhões.
A OIT também não considerou
os cerca de 7,1 milhões doentes de
Aids (aqueles que já manifestaram a doença), muitos dos quais
continuam trabalhando, observa
Paulo Teixeira, que coordenou o
programa de Aids da Organização Mundial da Saúde.
O estudo da OIT estimou que a
epidemia vem provocando no
conjunto dos 50 países estudados
queda de 0,2% no PIB (Produto
Interno Produto) e redução de
US$ 5 na renda per capita anualmente. Só em 1995, a perda no PIB
(soma de bens e serviços produzidos) teria sido de US$ 25 bilhões.
O levantamento não contabiliza
as "perdas sociais" já provocadas
pelas mortes pela Aids, número
estimado no mundo entre 17 milhões e 20 milhões.
Vários países da África estão
com mais de um quinto de sua
população em idade produtiva vivendo com HIV. Na Suazilândia,
38,8% das pessoas entre 15 e 49
anos estão com o vírus. Em Botsuana, são 37,3%; no Lesoto,
28,9%; no Zimbábue, 24,6%; na
Namíbia, 21,3%. No Brasil, estima-se que existam 540 mil pessoas com HIV. Outras 310 mil já
caíram doentes desde o início da
epidemia, 160 mil delas já morreram, 140 mil estão em tratamento.
O mais preocupante, segundo
os especialistas, é que os países
com maior número de pessoas
com o vírus são também aqueles
que não têm acesso aos medicamentos contra a Aids. Vivendo
em maior pobreza, eles adoecem
mais facilmente. Sem os medicamentos para a Aids, acabam morrendo. Diferentemente do Brasil
-lembra Teixeira-, onde mesmo os pacientes que já sofreram
doenças oportunistas estão podendo retornar ao trabalho, graças aos medicamentos.
Outro reflexo nos países pobres
é a queda na expectativa de vida.
Segundo dados da OIT/ Unaids,
enquanto no Brasil a esperança de
vida ao nascer é de 68 anos e nos
EUA, de 77, no Zimbábue é de 33.
Na maioria dos países africanos, a
expectativa de vida caiu em mais
de dez anos por causa da Aids. Em
oito dos 35 países estudados, a esperança de vida está abaixo dos 40
anos. Só em seis a expectativa de
vida está acima dos 50.
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