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Empresas aéreas cobram R$ 150 mi da União
Esse é o valor dos prejuízos que as companhias alegam ter acumulado em decorrência do caos aéreo dos últimos meses
Sindicato apresentou protesto à Justiça contra o governo federal como forma de preparar futuras ações indenizatórias
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As companhias aéreas deram
ontem o primeiro passo para
tentar receber do governo federal indenização de R$ 150 milhões por prejuízos que afirmam ter tido devido ao caos aéreo dos últimos meses.
O Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias (Snea)
apresentou ontem à Justiça Federal em Brasília um protesto
judicial contra a União, medida
preparatória de eventuais
ações de indenização.
O presidente do sindicato,
José Márcio Mollo, disse que o
objetivo do protesto judicial é
levar o governo a negociar com
as empresas e montar uma comissão para criar uma metodologia de cálculo das perdas das
companhias.
A medida foi tomada um dia
após reportagem da Folha revelar que as companhias aéreas
pagaram apenas R$ 90 mil em
multas à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) desde que
a agência foi criada, em 2006. O
período inclui o apagão aéreo
-quando passageiros chegaram a ficar 20 horas aguardando nos aeroportos. De março a
dezembro do ano passado, de
275 multas aplicadas às empresas, apenas 85 foram pagas.
"O recebimento de multas é
um processo lento. Primeiro é
aberto um processo administrativo e a parte tem direito de
defesa. Depois a Anac julga se a
defesa é procedente ou não e aí
confirma a multa. Se a empresa
não pagar, a agência tem de entrar na Justiça", disse Mollo.
Sem acordo
A expectativa do sindicato é
que não haja acordo com o governo sobre a cobrança dos R$
150 milhões, o que levaria a
questão a ser resolvida na Justiça, com ações de indenização
movidas pelas companhias.
Desde o início da crise, as
empresas sinalizaram que não
aceitariam arcar com as despesas decorrentes de problemas
no setor. O sindicato entrou na
Justiça em nome de empresas
como Gol, BRA, Ocean Air,
TAM, Varig, Webjet e Trip.
Segundo a petição, a crise está comprometendo o equilíbrio
econômico-financeiro dos contratos de concessão ao alterar a
economia de escala do setor e a
sua margem de rentabilidade. A
conta de prejuízos inclui a perda de receita gerada por atrasos
e cancelamentos de vôos, aumento de despesas com combustível e serviços de alimentação para os passageiros.
Segundo o sindicato, a média
de pontualidade caiu de 94,5%
entre janeiro e outubro de
2006 para 70% de janeiro a
maio deste ano nos vôos domésticos. Na mesma base de
comparação, o percentual dos
vôos internacionais caiu de
92,3% para 72,6%. Para as empresas, a operação-padrão dos
controladores de vôo desencadeou a crise.
A petição cita ainda um relatório do Tribunal de Contas da
União que destaca as "deficiências institucionais graves decorrentes de cortes em propostas orçamentárias elaboradas
pelo Comando da Aeronáutica,
contingenciamentos de recursos orçamentários e retenções
indevidas de receitas provenientes de cobrança de tarifas"
como fatores ligados à crise.
O protesto judicial é contra a
União, mas requer que sejam
intimados órgãos como Anac,
Infraero, Comando da Aeronáutica e Ministério da Defesa.
Procurados pela reportagem, a
Anac, a Defesa, a FAB e a Infraero disseram que não comentariam por não terem sido
notificadas oficialmente.
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